opinião
A quebra de paradigmas na forma
de produzir da indústria ocorre em ciclos, cuja periodicidade tem se reduzido nas últimas décadas.
A primeira revolução
industrial, ocorrida em meados do século 18, consistiu na introdução de sistemas mecânicos à manufatura. Sua síntese
foram as máquinas a vapor aplicadas às inovações de equipamentos da indústria
têxtil, incrementando a produtividade.
A segunda revolução, no início
do século 20, residiu na introdução da produção em massa, possibilitada pelas
linhas de montagem e pela extrema divisão do trabalho. As fábricas
automobilísticas simbolizaram este modelo. A terceira revolução, a partir dos
anos 1970, repousou na introdução das tecnologias eletrônicas e de informação
no chão de fábrica. Eram sistemas computadorizados, que permitiam maior
automatização da produção.
Agora, há sinais de que a
quarta revolução (intitulada a “Indústria 4.0”) está sendo estruturada com base
em um aprofundamento no uso das tecnologias de informação, que permitirá a
comunicação entre as máquinas; entre as máquinas e os produtos; e entre as
máquinas e os serviços, como é o caso da manutenção das próprias máquinas. Esta
revolução intensifica a automatização dos processos. São as fábricas
inteligentes do futuro.
Uma das empresas que busca
desenvolver os conceitos da indústria 4.0 é a BMW, em sua fábrica veículos em
Leipzig, Alemanha, na linha de montagem do i3, o primeiro modelo elétrico da
empresa. A indústria automobilística em geral já é bastante automatizada, mas a
automatização do processo neste caso é potencializada pela capacidade dos
computadores, grande quantidade de informações digitalizadas e integração de
sistemas. Outras empresas, como a Siemens, também têm se destacado.
Temos que nos preocupar com o
emprego, especialmente com aquelas funções que realizam atividades mais
repetitivas. Será preciso continuar a busca de acordos de informação prévia,
requalificação e reaproveitamento de pessoal. Mas há também oportunidades. No
Brasil, uma delas reside em que a Indústria 4.0 abre a oportunidade de se
acelerar projetos como o Modermaq (ou Moderfábrica), para incentivar a produção
e a venda de máquinas e equipamentos novos nacionais, em um programa de renovação
e reciclagem do parque fabril.
Este parque é composto por
máquinas e equipamentos cuja idade média é de 17 anos (contra sete nos EUA e
cinco, na Alemanha). Este perfil também é uma das causas pelas quais muitas
empresas brasileiras, especialmente as médias e pequenas, estão associadas à
tecnologias menos atualizadas. Pelo programa, que visa renovar 1/3 do parque
fabril, haveria um forte incentivo à desoneração dos investimentos em máquinas
e equipamentos, geração de crédito tributário e financiamento competitivo.
Outra oportunidade trazida
pela Indústria 4.0 é a necessidade de
maior comunicação entre indústria, sindicatos e universidades/escolas técnicas.
Estes atores, juntamente com o governo, necessitam trabalhar mais projetos
conjuntos, no chamado modelo “tríplice hélice”.
*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento
Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.
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