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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A “Indústria 4.0”

2 e 3 de dezembro de 2014

 

opinião

 
 

A quebra de paradigmas na forma de produzir da indústria ocorre em ciclos, cuja periodicidade  tem se reduzido nas últimas décadas.

 

A primeira revolução industrial, ocorrida em meados do século 18, consistiu na introdução de  sistemas mecânicos à manufatura. Sua síntese foram as máquinas a vapor aplicadas às inovações de equipamentos da indústria têxtil, incrementando a produtividade.

 

A segunda revolução, no início do século 20, residiu na introdução da produção em massa, possibilitada pelas linhas de montagem e pela extrema divisão do trabalho. As fábricas automobilísticas simbolizaram este modelo. A terceira revolução, a partir dos anos 1970, repousou na introdução das tecnologias eletrônicas e de informação no chão de fábrica. Eram sistemas computadorizados, que permitiam maior automatização da produção.

 

Agora, há sinais de que a quarta revolução (intitulada a “Indústria 4.0”) está sendo estruturada com base em um aprofundamento no uso das tecnologias de informação, que permitirá a comunicação entre as máquinas; entre as máquinas e os produtos; e entre as máquinas e os serviços, como é o caso da manutenção das próprias máquinas. Esta revolução intensifica a automatização dos processos. São as fábricas inteligentes do futuro.

 

Uma das empresas que busca desenvolver os conceitos da indústria 4.0 é a BMW, em sua fábrica veículos em Leipzig, Alemanha, na linha de montagem do i3, o primeiro modelo elétrico da empresa. A indústria automobilística em geral já é bastante automatizada, mas a automatização do processo neste caso é potencializada pela capacidade dos computadores, grande quantidade de informações digitalizadas e integração de sistemas. Outras empresas, como a Siemens, também têm se destacado.

 

Temos que nos preocupar com o emprego, especialmente com aquelas funções que realizam atividades mais repetitivas. Será preciso continuar a busca de acordos de informação prévia, requalificação e reaproveitamento de pessoal. Mas há também oportunidades. No Brasil, uma delas reside em que a Indústria 4.0 abre a oportunidade de se acelerar projetos como o Modermaq (ou Moderfábrica), para incentivar a produção e a venda de máquinas e equipamentos novos nacionais, em um programa de renovação e reciclagem do parque fabril.

 

Este parque é composto por máquinas e equipamentos cuja idade média é de 17 anos (contra sete nos EUA e cinco, na Alemanha). Este perfil também é uma das causas pelas quais muitas empresas brasileiras, especialmente as médias e pequenas, estão associadas à tecnologias menos atualizadas. Pelo programa, que visa renovar 1/3 do parque fabril, haveria um forte incentivo à desoneração dos investimentos em máquinas e equipamentos, geração de crédito tributário e financiamento competitivo.

 

Outra oportunidade trazida pela  Indústria 4.0 é a necessidade de maior comunicação entre indústria, sindicatos e universidades/escolas técnicas. Estes atores, juntamente com o governo, necessitam trabalhar mais projetos conjuntos, no chamado modelo “tríplice hélice”.

 

 

*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.

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