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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

AINDA SOBRE O “ANEL DO CONHECIMENTO"




Jefferson José da Conceição e Roberto Vital Anau
Em artigo anterior, citamos a política de atração de instituições de pesquisa, ensino e qualificação profissional conduzida pela Prefeitura de São Bernardo do Campo (SBC), de 2009 até hoje, sob a liderança do Prefeito Luiz Marinho. Esta política constitui-se no que estamos denominando de “Anel do Conhecimento de SBC”. Trata-se de uma área de sinergias educacionais e tecnológicas envolvendo antigas e novas instituições, iniciativa privada, sociedade civil e gestão pública na cidade. Neste artigo, abordaremos as amplas oportunidades que a cidade e os munícipes poderão ter, graças aos resultados já alcançados e aos demais em andamento.
A chegada do SENAC soma-se às do Instituto Técnico Federal (ITF), das duas Faculdades de Medicina e da sede regional do SEBRAE. Por sua vez, essas novas instituições agregam maior densidade a uma rede de ensino, pesquisa e qualificação já robusta na cidade. A interação desse conjunto de instituições é alvo de políticas públicas da Prefeitura, em prol da criação de um ambiente local de excelência em educação, pesquisa e qualificação profissional. Esta interação é o passo seguinte à bem sucedida atração de instituições, iniciada com o campus da UFABC na cidade - cuja vinda contou com o papel decisivo do então Presidente Lula - e que prossegue na atualidade.
Muito poderá ser feito a partir do anel de conhecimento. Uma das tarefas é replicar, no nível técnico e tecnológico, a experiência frutífera dos Simpósios de Pesquisa do Grande ABC. As três últimas edições do Simpósio (2012, 2013 e 2014) ocorreram em SBC. Os pesquisadores universitários têm aí a oportunidade de trocar informações e interagir em pesquisas que avançam na fronteira do conhecimento. Realizar evento equivalente nos níveis técnico e tecnológico, por meio de TCCs, trabalhos de iniciação científica e trabalhos técnicos diversos, pode gerar novos conhecimentos e procedimentos mais próximos da produção.
A possibilidade de TCCs, monografias e iniciações científicas interinstituições, reunindo alunos e pesquisadores de universidades e centros de pesquisa diversificados, é outra perspectiva aberta pelo adensamento da educação técnica e superior no município. Algumas dessas iniciativas poderão ter abrangência regional (no Grande ABCD) e outras serão circunscritas ao município. O levantamento e confrontação das capacitações e vocações requeridas em cada projeto com aquelas existentes definirão quem serão as instituições parceiras.
Essas atividades são mais que possíveis: elas desdobram o que já se realiza na atualidade, com a sinergia entre ensino, pesquisa e produção. Um exemplo é a presença das universidades, do SENAI e do SEBRAE nos Arranjos Produtivos Locais (APLs) de SBC, ao lado do setor produtivo, sindicatos e governo. Outro é a participação do segmento acadêmico na Associação Parque Tecnológico de SBC. Com a ampliação do Anel do Conhecimento e sua maior interação, os benefícios para a população, além da ampliação de oportunidades de educação e qualificação, resultarão da atratividade do território municipal para novos investimentos altamente dependentes de recursos humanos qualificados, pesquisa e inovação.
Jefferson José da Conceição é Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo. jefferson.jose@saobernardo.sp.gov.br
Roberto Vital Anau é assessor da SDET. roberto.vital@saobernardo.sp.gov.br
Artigo publicado em 24/2/2015, no ABCDMaior.

#triplicehelice#pesquisaedesenvolvimento#politicasdeinovaçãotecnológica

sábado, 21 de fevereiro de 2015

SÃO BERNARDO DO CAMPO E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS: PARCERIAS EM PROL DO BRASIL




Jefferson José da Conceição
As Cidades de São Bernardo do Campo (SBC) e São José dos Campos (SJC), conduzidas respectivamente pelos Prefeitos Luiz Marinho e Carlos José de Almeida, têm buscado realizar parcerias na área aeroespacial e de defesa. Isto vai na contramão do que algumas matérias precipitadas de jornais deixaram a entender no início deste processo. Não há “guerra” entre as cidades e sim esforço de maximizar complementaridades. Destaco neste artigo quatro ações de parcerias em andamento.
A primeira é a intenção de SBC e SJC - por meio das suas Secretarias de Desenvolvimento Econômico, Arranjos Produtivos Locais (APLs) e empresas - de atuarem conjuntamente para contribuir nos debates que visam ampliar a base industrial de defesa nacional. Neste momento, SBC e SJC organizam o workshop “Os Regimes Tributários RETID e RETAERO: diagnóstico e propostas das cadeias produtivas”. O workshop é oportuno, tendo em vista as dificuldades enfrentadas por grande parte das empresas dos segmentos de defesa e aeroespacial para efetivarem os incentivos tributários e porque serão formuladas propostas para o aperfeiçoamento dos Regimes. O workshop tem o apoio da ABIMDE, Fiesp-Condefesa, AIAB e ABDI. O evento, que acontecerá no Parque Tecnológico de SJC, no dia 8 de abril, das 8h às 17h, poderá contar com a presença do Ministro Jaques Wagner.
A segunda ação refere-se ao Memorando de Entendimento (“Memorandum of Understanding” ou MOU, em inglês), que atualmente está em construção entre a ABIMDE e a SOFF, entidades que representam os interesses da indústria de defesa do Brasil e da Suécia, respectivamente. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de SBC contribuiu para a aproximação destas entidades e para a elaboração do MOU. O MOU estabelece que, entre as primeiras ações da parceria ABIMDE e SOFF, está a realização de ações integradas nas Regiões do ABC e do Vale do Paraíba. A assinatura do MOU, com a presença de representantes da ABIMDE e da SOFF, e dos prefeitos de SBC e SJC, deverá ocorrer no dia 14 de abril, na Feira Internacional de Defesa e Segurança (LAAD), que acontecerá no Rio de Janeiro.
Terceiro, SBC e SJC organizam, com o apoio do Business Sweden e da Prefeitura de Linköping, cidade da Suécia, um Seminário e uma rodada de relacionamentos entre empresas brasileiras e suecas, ambos eventos também previstos para o dia 14 de abril na Laad. A intenção é estimular parcerias nas áreas comercial, tecnológica e de capital. Um questionário está sendo aplicado nos dois países, com vistas a incrementar a rodada de relacionamentos. Dez empresas suecas já confirmaram presença. Às empresas brasileiras interessadas, sugerimos acessarwww.industriadefesaabc.com.br ou falar com Maísa, no telefone 4348-1051.
Juntamente com a ABDI, as cidades de SBC e SJC estão também prestes a assinar um Termo de Cooperação nas áreas de defesa e aeroespacial. Este Termo, que é a quarta ação, prevê ações conjuntas visando traçar diagnósticos, políticas para o desenvolvimento destas cadeias produtivas e mapeamento de competências das empresas destas duas cidades.
Registre-se, por fim, que estas parcerias entre SBC e SJC, em áreas tão estratégicas, são positivas não apenas para ambas as cidades e regiões. Antes de tudo, elas são positivas para o Brasil.
Jefferson José da Conceição é Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo. jefferson.jose@saobernardo.sp.gov.br
Obs.1) Artigo publicado no ABCDMaior em 19/2/2015.
Obs. 2) Para os interessados sobre as parcerias com São José dos Campos, falar com Roberto Vital no telefone (11) 4348-1051.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A requalificação da prainha de São Bernardo


20/02/2014 - ARTIGO
 
Por: Jefferson Conceição*

 

Obra é de alto valor para a estima de São Bernardo.
São Bernardo vive ótimo momento. São diversas as obras públicas já executadas ou em processo de execução, lideradas pelo prefeito Luiz Marinho. Destaque para o Hospital de Clínicas Municipal, inaugurado pela presidente Dilma e pelo prefeito; as obras do “Drenar” (R$ 600 milhões; maior contrato entre a União e um município), que visam eliminar as enchentes; as obras de mobilidade, em especial as 13 linhas com 71 km de corredores de ônibus; a entrega de mais de 3.500 unidades habitacionais desde 2009, e outras 1.950 em construção; os CEUs (Centros Educacionais Unificados) já entregues ou em construção; o Museu do Trabalho e do Trabalhador. Registre-se também o lançamento, pelo governo do Estado, do edital da linha 18 bronze do metrô. Investimentos privados também são expressivos. A recente decisão do Brasil pela compra do caça Gripen beneficiou a cidade, com a instalação de parte da produção aqui. Tanto em relação à conquista do metrô quanto à produção de estruturas do Gripen, o prefeito teve papel importante.
A requalificação da Prainha do Riacho Grande é uma das muitas obras. Os investimentos são menores, mas a obra é de alto valor para a estima de São Bernardo. Trata-se de área de potencial turístico, mas, infelizmente, estava bastante degradada. O lugar não recebia investimentos desde 1970! Suas marcas eram a falta de saneamento básico; baixo policiamento; ocupação irregular da orla por automóveis; cultura da informalidade de comerciantes, ambulantes e usuários; trailers e equipamentos degradados; manipulação inadequada de alimentos; descarte irregular de resíduos; ausência de sinalização turística e de iluminação; presença de usuários de droga; acidentes com embarcações. Tudo isto levou a um afastamento dos turistas e das famílias.
O projeto de requalificação, assinado em 2010 pela Prefeitura em parceria com o Ministério do Turismo, previu investimentos de R$ 7,3 milhões. O projeto foi coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo e contou com a ação de diversas secretarias. Está prestes a ser entregue. Consiste da instalação de iluminação led; decks de contemplação; calçadão; rampa de acesso à orla; acessibilidade; nova praça; instalação de banheiros públicos e vestiários; playground; bancos e academia ao ar livre; novo viário.
Foi amplo o diálogo da Prefeitura com moradores, comerciantes, ambulantes, frequentadores. Havia no início total descrédito da população. O projeto envolveu também difíceis negociações com a Emae, Cetesb, Sabesp, entre outros órgãos. Trata-se de APP (Área de Proteção permanente), às margens de uma represa.
Aos ambulantes, a Prefeitura criou as condições de legalização; forneceu cursos de higiene e manipulação de alimentos; viabilizou crédito por meio do Banco do Povo para a compra de quiosques novos. A Prefeitura também está prestes a assinar convênio com a Marinha do Brasil, com vistas a estabelecer e executar Plano de Gestão Costeira do uso de embarcações.
*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Economista apoia greves e afirma que há meios para indústria sair da crise

Entrevista à Rede brasil atual, publicada em  18/2015, Disponível 
em http://www.redebrasilatual.com.br/economia/2015/02/economista-apoia-greves-e-afirma-que-ha-alternativas-para-industria-sair-da-crise-2875.html

Economista apoia greves e afirma que há meios para indústria sair da crise

Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Bernardo do Campo defende medidas como o aprofundamento do programa Inovar-Auto e novos incentivos ao consumo
por Maurício Thuswohl, no Portal Inova* publicado 18/02/2015 15:25, última modificação 18/02/2015 18:33
ABCD MAIOR / ANDRIS BOVO
jefferson da conceição.jpg
Jefferson considera o Inovar-Auto um bom programa: "Ele associa os incentivos tributários à inovação e tecnologia"
São Bernardo do Campo – Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Jefferson da Conceição é um profundo conhecedor dos altos e baixos da indústria no ABC paulista. Com trajetória ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos e à Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde atuou como economista do Dieese por mais de duas décadas, ele é também autor de livros como Quando o Apito da Fábrica Silencia, entre outros, que analisam a economia regional e nacional. Do alto de sua experiência, Jefferson diz que existem meios para tirar a indústria automobilística da atual crise e defende as greves e mobilizações dos trabalhadores do setor. Ele faz sugestões para melhorar a implementação do Programa Inovar-Auto e fala sobre ações que o poder público local promove para incentivar a inovação e a competitividade. Leia a seguir a entrevista, publicada no Portal Inova.
Após a queda de produção em 2014 e um início de ano com demissões e greves, a indústria automobilística brasileira tem meios de sair da crise? Em sua opinião, o que precisa ser feito?
Evidentemente que há meios de sair da crise. A crise não será a primeira nem a última do setor. Em diversos momentos da história de nosso país tivemos situações semelhantes: no início da década de 1960, nos anos 1980, nos anos 1990, no início dos anos 2000. Além das políticas econômicas que impactam o setor em cada momento, cabe destacar ainda, como fatores causais, o cenário internacional, que pode ser mais favorável ou menos, como agora. De resto, o ciclo é característico das economias capitalistas. Depois de uma forte expansão do consumo, produção e investimentos como a que ocorreu após 2004, é natural que haja uma fase de refluxo e acomodação das empresas, para que as margens de rentabilidade dos negócios e a capacidade de pagamento dos consumidores possam ser restabelecidas.

Mas, é claro também que é possível agir e tomar medidas anticíclicas com vistas a retomar mais rapidamente a atividade econômica do setor automotivo. Entre outras medidas, cabe discutir, a meu ver, o aprofundamento e conclusão do Inovar-Auto; novos incentivos ao consumo interno (financiamento e tributos) e às exportações; implementar o Modermaq, elaborado na primeira gestão do governo Dilma, e também o Programa de Renovação e Reciclagem da Frota, tanto para caminhões como para os veículos de passeio. E, diante de situações mais agudas de demissões, é perfeitamente defensável a adoção das políticas de proteção ao emprego, como vêm sendo propostas pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC neste momento.

As medidas previstas no Programa Inovar-Auto do governo federal já se refletiram na cadeia produtiva do ABC paulista? É possível torná-las mais efetivas? Como?

De fato, as medidas do Inovar-Auto foram parcialmente implementadas. Portanto, o impacto do Programa também foi parcial no Brasil e no ABC paulista. Quero realçar, no entanto, que o Inovar-Auto é um bom programa. Ele associa, pela primeira vez, os incentivos tributários à inovação e tecnologia. Isto é muito positivo porque é uma política estruturante e não apenas de natureza conjuntural. Mas há de se reconhecer que houve uma relativa demora na conclusão desta política industrial, na divulgação de portarias que deveriam detalhar o Programa concretamente. A própria rastreabilidade é um desses itens que sofreu grande demora. As empresas retardaram tomadas de decisões, para esperar o detalhamento do programa. Mencione-se também a não implementação do Inovar-Peças, que ajudaria a fomentar os segmentos nacionais que compõem a base da pirâmide automotiva, formada, entre outros, por siderurgias, forjarias, fundições, usinagens, ferramentarias, produtores de máquinas e equipamentos, pequenas peças e componentes. Desta forma, o impacto positivo do Inovar-Auto foi parcial. Precisamos que todas as regras do jogo estejam bem claras para todos os agentes econômicos.

O desânimo do empresariado industrial nacional, registrado em algumas pesquisas feitas desde meados do ano passado, tem cura? Alinhar empresários, poder público e trabalhadores em um mesmo rumo político pelo desenvolvimento do país é uma utopia?
A “cura” a qual você se refere já é conhecida há tempo. Quando o consumo, a produção e a lucratividade são retomados, a cura acontece naturalmente e as críticas diminuem. Quando o oposto ocorre, como agora, as críticas e o desânimo aumentam. Portanto, podemos concluir que se constata um ciclo também em relação às expectativas, que ora são otimistas, ora pessimistas. É nítido que hoje não estamos no ponto mais alto do ciclo. Estamos em fase de dificuldades e em alguns casos até de retração. Por conseguinte, o mau humor predomina. Ao primeiro sinal de inversão da curva de expectativas, o humor modificará.

Poder público, empresários e trabalhadores podem, e devem, buscar pontos comuns de entendimento a partir dos quais se construa uma política de desenvolvimento. Isto não é utopia. Em vários momentos isto aconteceu no Brasil. Exemplo disso foram as Câmaras Setoriais do inicio dos anos 1990, com destaque para a Câmara Setorial Automotiva, que tinha natureza tripartite, encarou problemas emergenciais e estruturais – como a baixa produção da época e a concorrência com os importados – e estabeleceu metas de produção e emprego. Depois da Câmara, e em um período mais recente, tivemos momentos importantes de aproximação entre estes três agentes (poder público, empresários e representações sindicais) como a própria negociação do Inovar-Auto e o Arranjo Produtivo Local (APL) de Ferramentaria no ABC paulista.

De que maneira o poder público (prefeituras) pode contribuir para incentivar mais decisivamente a busca por inovação e competitividade da indústria no ABC paulista? O que tem sido feito até aqui?
A atuação da política municipal e regional é mais limitada do que a ação do Estado e do País. Instrumentos como a taxa de juros, a taxa de câmbio e as tarifas de importação, entre outros, não são controlados e determinados em âmbito destas esferas de governo. Reconhecer isto não significa dizer que o poder público local não pode fazer nada. É possível sim ter políticas ativas municipais e regionais e ter resultado efetivos. No caso de São Bernardo, nas duas Gestões do prefeito Luiz Marinho (de 2009 até agora), adotamos políticas ativas em prol da competitividade da indústria do município e da região. Em 2009, em plena crise, ajudamos a realizar, juntamente com o sindicato, o seminário 'ABC do Diálogo e do Desenvolvimento', que teve um importante papel em chamar a atenção para o problema da crise naquele momento e para a construção de políticas que ajudaram no encontro de soluções concretas. Posteriormente, incentivamos a constituição, funcionamento e crescimento de onze APLs, que vêm discutindo agendas setoriais de desenvolvimento. São os casos, por exemplo, dos APLs de Ferramentaria, Têxtil e Confecções, Móveis, Gráficos, Defesa, Panificação, Químicos, Economia Criativa, entre outros. Nestes APLs, participam gestão pública, empresários, sindicatos, universidades, Senai, Sebrae, Senac, bancos, entre outros agentes e instituições. Neles, discutimos itens como qualificação profissional, compras conjuntas, busca de novos mercados, diversificação da produção, parcerias nacionais e internacionais, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Temos também realizado uma série de ações que buscam chamar a atenção das empresas para as oportunidades nas áreas de Defesa e de Petróleo e Gás. Nossa tese é de que é possível ampliar e constituir novas linhas de produção em grande parte das empresas já instaladas na região, com vistas a atender a estes novos mercados, sem deixar de atender também ao cliente automotivo.

Outra ação muito forte que temos realizado é promover um papel de aproximação entre as indústrias e as universidades. Exemplo disso é a Missão que a Gestão Municipal de São Bernardo realizou à Suécia, em setembro de 2014, na qual participaram gestores públicos, empresários, reitores de universidades e sindicalistas. Além das parcerias entre universidades suecas e do ABC, dessa missão nasceu uma rodada de relacionamentos entre empresas brasileiras e suecas, que ocorrerá, em abril deste ano, na Feira Internacional de Defesa e Segurança chamada LAAD.

Qual sua opinião sobre o desenvolvimento da cadeia produtiva aeroespacial no ABC e no Brasil em geral? Podemos imaginar o ABC paulista, no futuro, sem a indústria automotiva como locomotiva de sua economia?
Não se trata de contrapor uma coisa à outra. Não se trata de deixar de produzir para o setor automotivo e passar a compor a cadeia de produção aeroespacial. Nossa tese central é, isto sim, que a indústria do ABC tem um perfil histórico, desde os anos 1950, centrado na cadeia automotiva, mas, neste momento, seu esforço deve ser o da diversificação de mercados. O desafio para os próximos anos é fazer com que nossas fábricas, equipamentos, gerências e mão de obra direta e indireta tenham capacidade de produzir também outros itens, além dos já produzidos e que queremos continuar produzindo. A ideia é, por exemplo, o seguinte: se eu tenho duas linhas de produtos focadas no setor automotivo, eu talvez possa ter uma terceira na área de defesa e aeroespacial. Ou seja, não se trata de fugir do que já temos hoje como trajetória e tradição. Trata-se de dar maior musculatura à nossa estrutura industrial de forma que ela possa atender outros mercados, além do próprio segmento automotivo.

Esse processo se coaduna perfeitamente com as necessidades do próprio segmento de defesa e aeroespacial. Estes são setores que, por suas características e grande dependência das compras governamentais, passam no Brasil por grandes e constantes oscilações orçamentárias. Se a empresa depender exclusivamente da área da defesa ou aeroespacial, ela pode ter grandes problemas. Por conseguinte, a combinação com o mercado automotivo também interessa ao setor de defesa e aeroespacial. Desta maneira, o futuro investimento em São Bernardo de uma fábrica de aeroestruturas relacionada ao projeto da aeronave supersônica Gripen, anunciado no pacote de contrapartidas (offset) negociadas entre a Aeronáutica e a Saab, foi um grande passo para o futuro da indústria do ABC paulista.

A redução de impostos e os projetos inovadores eram dois pilares do Plano Brasil Maior. A redução foi insuficiente para estimular a indústria automobilística? E os projetos inovadores do setor, saíram do papel?
A redução de impostos, para incrementar a competitividade da indústria automobilística e outros setores, precisa ser discutida sim. Mas esta discussão não é tão fácil e simples, porque as demandas de investimentos do Estado em áreas como infraestrutura e no campo social são muito grandes também. Estas demandas de investimentos estatais, note-se, são feitas pelos diferentes setores da sociedade, inclusive e principalmente os empresários. Isto nos remete a duas grandes discussões. A primeira é a necessidade de o Brasil enfrentar uma Reforma Tributária que, entre outros aspectos, desonere os investimentos e a atividade produtiva, mas tribute também as grandes rendas e fortunas. Não é um debate fácil, mas é um debate que o país precisa fazer. A segunda grande discussão é associar as desonerações tributárias setoriais à exigência de contrapartidas e cumprimento de metas pelas empresas. Como falei anteriormente, creio que este é um dos principais méritos do Inovar-Auto, que é o de condicionar a redução tributária à inovação tecnológica.

* Colaborou Michelly Cyrillo

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O “ANEL DO CONHECIMENTO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO”




Jefferson José da Conceição e Ademir Gasparetto
A inauguração em breve da unidade do SENAC em São Bernardo do Campo (SBC) – cujas obras estão em sua fase final - não será resultado exclusivo de uma decisão desta instituição a partir do seu planejamento de expansão. Ela também é fruto de um diálogo da Prefeitura [de São Bernardo do Campo], liderada pelo Prefeito Luiz Marinho, com a Direção do SENAC. Assim, cumprindo o trâmite legal, a Prefeitura concedeu terreno para a instalação da unidade. A iniciativa se insere na estratégia que, desde 2009, o Prefeito vem conduzindo, que é a de aprofundar e ampliar o que denominamos de “anel do conhecimento de SBC”. O anel consiste na existência de um grande número de instituições de formação profissional e de P&D circundando a cidade, e, com isso, incrementar a competitividade da mão de obra e estimular um arco de relacionamentos entre as instituições, as cadeias produtivas e a gestão pública.
O município já contava em seu território com o SENAI (2 unidades), a ETEC, a FATEC e a Faculdade de Direito de SBC. A partir da decisão do Presidente Lula, a cidade passou a abrigar também um campus da UFABC. Há ainda unidades de excelência de ensino superior privado como a FEI, a Faculdade de Tecnologia Termomecânica, a Universidade Metodista (3 campus), a Fasb, a Anhanguera, a Fapan e a FIA. A elas se juntarão os dois novos cursos de medicina, que já receberam aval do MEC para a sua realização, sendo que um deles é o da Faculdade das Américas. Registre-se ainda que, a partir das articulações promovidas pelo Prefeito em torno da aeronave supersônica Gripen, o município passou a ser a sede, desde 2011, do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB). Alinhadas com esta estratégia, tivemos a recente decisão do Prefeito de conceder terreno ao SEBRAE para a instalação de sua sede regional (já aprovado pela Câmara) e o diálogo da Prefeitura com outras instituições ainda não presentes na cidade para a sua implantação no município. Igualmente relevante para o “anel do conhecimento de SBC” é a instalação – também prestes a inaugurar – do Complexo Laboratorial da CETESB.
Em visita do Gerente do SENAC, Sr. Jurandir Santos, à nossa Secretaria, tivemos a oportunidade de obter um detalhamento mais preciso dos planos para a unidade, que ocupará um terreno de 3,5 mil m² e área construída de 8,7 mil m². Ela será a maior unidade operacional do SENAC no Estado. Para este investimento também foi fundamental a determinação do Diretor Estadual da entidade, Sr. Assis Salgado. A unidade contará com modernas instalações, ampla acessibilidade, e ambientes especializados (biblioteca, auditório, cozinha pedagógica, salão de beleza, sala de moda, estúdio de Radio e TV, fotografia entre outros). O SENAC prevê, no total dos turnos, a formação simultânea de mais de 4.000 alunos em seus vários cursos (gastronomia, moda, turismo, radialismo, vídeo e TV, fotografia, TI, design, enfermagem, RH). Metade desta oferta será gratuita para as pessoas de menor renda.
Durante a visita, podemos explanar sobre o atual desenvolvimento do Município, que irá impactar positivamente no planejamento da grade dos cursos. Seja bem vindo SENAC e parabéns a São Bernardo por mais essa conquista!
Jefferson José da Conceição é Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (SDET) de São Bernardo do Campo
jefferson.jose@saobernardo.sp.gov.br
Ademir Gasparetto é Diretor da SDET
ademir.gasparetto@saobernardo.sp.gov.br
Publicado no ABCDMaior, em 12/2/2015.

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