O ferramentareiro e as empresas de ferramentaria não
apenas contribuíram com nossa industrialização como garantem importante papel
no presente e no futuro de
nosso desenvolvimento. Mas já se afirma que o
ferramenteiro um profissional em extinção.
Infelizmente isto acontece por vários motivos:
concorrência desleal
com o ferramental produzido em outros países; forte
valorização do Real; juros ainda elevados no financiamento interno;
reestruturação draconiana promovida pelas montadoras de veículos, que impõe o
suprimento a partir de empresas
globais e forte redução de fornecedores.
De fato, diversas empresas do setor têm enfrentado
falta de encomendas e ociosidade crescente e milhares de empregos são
sacrificados. É diante deste difícil contexto que o ABCD impõe-se o desafio da
defesa de um setor estratégico.
Refiro-me à recente articulação entre poder público, sindicatos,
associações e empresas, em prol de uma política para o setor de moldes e
ferramentais.
As prefeituras de São Bernardo e de Diadema, por
meio das suas Secretarias de Desenvolvimento Econômico, juntamente com
representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da Abimaq, da Abifa e de
aproximadamente 40 empresas do setor constituíram, ao final de 2011, o GT
(Grupo de Trabalho), cujos principais
propósitos são: 1) fortalecer o associativismo e a cooperação entre as
empresas do setor; 2) dialogar coletivamente com as montadoras de veículos para
incluir as ferramentarias nacionais nos futuros projetos de veículos; 3)
prospectar novos mercados complementares, especialmente nas promissoras áreas
de petróleo e gás, indústria de defesa, indústria ferroviária e linha branca;
4) estabelecer diálogo
com as instituições financeiras, em particular o
BNDES, para facilitar o crédito para o segmento; 5) incluir a engenharia de
ferramentais nos projetos dos futuros parques tecnológicos em debate atualmente
na Região.
Entre as principais ações do GT até o momento estão:
a constituição jurídica do APL (Arranjo Produtivo Local) de Ferramentaria; o
início das conversações
com as montadoras, com vistas, sobretudo, ao
incremento das encomendas
para o setor no Brasil; a abertura de diálogo com o
BNDES, para construir um programa específico de financiamento ao setor (o
“Pró-Ferramentaria”).
Destaque ainda para a inclusão, no novo Regime
Automotivo Nacional, da ferramentaria na regra que estabelece que a aquisição
do item no País possibilita
que o comprador usufrua do crédito presumido do IPI,
no âmbito do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da
Cadeia Produtiva de Veículos
Automotores (MP nº 563, de 3/4/2012, art. 33, §2o,
V). A inclusão da ferramentaria é fruto das articulações promovidas pelo GT
junto ao governo federal.
Os passos já dados pelo GT apontam para uma
trajetória que, esperamos, será eficaz na defesa da produção, dos empregos e da
preservação do conhecimento
tecnológico de um segmento-chave no tecido
industrial da Região do ABCD, do Estado de São Paulo e do Brasil.
*Jefferson
José da Conceição é secretário de Desenvolvimento
Econômico,