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sábado, 30 de março de 2019

A MANOBRA DA GM QUE DEU CERTO

Na ISTOÉ Dinheiro desta semana (29/3/2019), matéria "A manobra da GM que deu certo", da jornalista Valéria Bretas, na qual consta a nossa participação em forma de entrevista. Segue o link https://www.istoedinheiro.com.br/a-manobra-da-gm-que-deu-certo/

terça-feira, 5 de março de 2019

6ª CARTA DE CONJUNTURA DA USCS

Em 27 de fevereiro de 2019, foi lançada a 6ª Carta de Conjuntura da USCS. 

São 25 notas técnicas, elaboradas por especialistas, que debatem, de modo objetivo, temáticas contemporâneas do mundo da produção e do trabalho; saúde; educação; cultura; políticas urbanas; tecnologia; empreendedorismo, entre outras. Segue o link aos interessados. Compartilhe.

http://www.uscs.edu.br/boletim/?idf=5480



FORD É A PONTA DO ICEBERG


Três fatos chamam a atenção. O anúncio da Ford de fechamento da planta de São Bernardo; o estudo da GM para encerrar suas operações no Brasil; o cálculo do IBGE de que a participação da indústria no PIB do País atingiu o menor nível em 18 anos: 17,4% em 2005 contra 11,3% em 2018.
Em comum, a crise do setor industrial. No caso da automotiva, há especificidades, como a queda no mercado, os aplicativos e a nova forma de uso dos veículos, a concorrência internacional, os elevados investimentos necessários e a guerra fiscal. Entretanto, o que está mais de fundo é a desindustrialização pela qual passa o País decorrente da financeirização, etapa da hegemonia das finanças.
Em trabalho que publiquei no Observatório da USCS, em parceria com Ricardo Kawai, medimos as receitas, os lucros e as margens de lucro anuais dos setores no Brasil, entre 2000 e 2017, com dados das empresas de capital aberto. Embora as 22 instituições financeiras tenham apresentado receita menor que a das 107 indústrias pesquisadas, aquelas, após 2006, tiveram lucro líquido, ano após ano, bem superior ao das indústrias. Em 2015, a margem de lucro anual das instituições financeiras (76,9%) foi 37 vezes maior que a margem de lucro das indústrias (2,1%).
Em outro, com Gisele Yamauchi, mostramos que, entre 2012 e 2016, a selic foi bem superior à margem de lucro média das indústrias do ABC: em 2012, 8,6% contra 1,9%; 2013, 8,1% contra 2,3%; 2014, 10,8% contra 3,0%; 2015, 13,2% contra -4,6%; 2016, 14% contra -0,4%.
A desindustrialização também se revelou em uma terceira pesquisa, desta vez, com Sandra Gonsales: no período entre 2015 a 2017, a indústria foi o setor que apresentou o maior número de falências no Grande ABC: 57 falências decretadas na indústria, contra 28 no comércio e 26 nos serviços.
A indústria ainda tem papel central no desenvolvimento, como mostram os programas “Indústria 4.0” (Alemanha) e “Manufatura Avançada” (EUA), que objetivam revitalizar a indústria e trazer de volta os empregos perdidos para outros países, especialmente os asiáticos.
Para mitigar a hegemonia das finanças e a desindustrialização, proponho a obrigatoriedade de que as instituições financeiras participem de projetos estratégicos como a indústria 4.0 e o apoio à inovação; o fortalecimento do BNDES; a criação de taxas sobre operações financeiras para ajudar na política industrial, entre outras.
A defesa da manutenção da produção industrial – como é o caso da preservação das operações da fábrica da Ford e da GM no Grande ABC Paulista –e o combate à financeirização descontrolada devem fazer parte do rol de bandeiras mobilizadoras da sociedade brasileira e das regiões industrializadas, como é o caso do ABC.
Jefferson José da Conceição é Prof. Dr. da USCS, Assessor da Pró-Reitoria de Graduação e Coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS. jeffdacsenior@gmail.com
Artigo publicado em 4/3/2019, no Diário do Grande ABC.