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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

INCUBADORAS INOVADORAS: O BEM SUCEDIDO CASO DA SBCSOL

SBCSol inovou ao conciliar política pública de fomento à economia solidária com o potencial que a universidade oferece
*por Jefferson José da Conceição e Vanderléa Lima Sena Pereira
 São dois os objetivos deste artigo. O primeiro é recuperar a experiência exitosa da implantação e funcionamento da SBCSol (Incubadora de Empreendimentos Solidários de São Bernardo), mostrando-a como um projeto inédito e premiado no Brasil. O segundo é destacar que, ao não trabalhar integralmente com o conceito de incubação física dos empreendimentos, a SBCSol representou um passo a mais no know how dos processos de incubação, podendo servir inclusive como referência para as incubadoras virtuais, que aos poucos vão sendo instaladas no país.
Comecemos exatamente por este segundo objetivo.
Assim, texto publicado neste blog, em 2 de agosto, tratou do tema das incubadoras Virtuais. intitulado “Incubadora de empresas: do modelo tradicional à virtualidade”, o texto foi escrito por Jefferson Conceição em conjunto com Alessandra Rosa. Nele, discutiu-se o formato da incubação virtual como uma das novas tendências internacionais em termos de processos avançados de incubação.
No artigo, informou-se que a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo e da Agência São Paulo de Desenvolvimento, busca construir, em parceria com importante universidade pública, a sua incubadora virtual.
De fato, pretende-se que a incubadora virtual do Parque Tecnológico de São Paulo trabalhe fortemente a partir da virtualidade. Em outras palavras, almeja-se que a incubadora virtual não tenha sede física, mas que ela seja baseada em plataforma moderna de interação entre gestores, incubados, professores e todos os parceiros envolvidos. Haverá, evidentemente, o planejamento de encontros físicos, presenciais, de trabalho. Mas o foco da incubação será predominantemente virtual.
Neste sentido, retomar a experiência inovadora da SBCSol (Incubadora de Empreendimentos Solidários de São Bernardo) pode ser de importante valia, mesmo sendo esta incubadora focada na economia solidária e não propriamente em empreendimentos tecnológicos. Pode ser útil especialmente porque a SBCSol também não incubou os empreendimentos em um espaço físico determinado.
Na SBCSol, cada empreendimento tem o seu próprio espaço de funcionamento, embora haja uma sede localizada na Universidade Metodista. Assim, a SBCSol pode ser considerada uma espécie de incubadora híbrida, que contempla características das incubadoras tradicionais e alguns aspectos das incubadoras virtuais.
Mais: a SBCSol foi fruto de parceria entre uma Prefeitura (no caso, a Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo do Município), uma universidade (a Universidade Metodista de São Paulo) e a Finep.
O projeto foi construído desde o início com o envolvimento da universidade. Somente após isto buscou-se os recursos necessários para a sua execução (o que se deu com a parceria da Finep). Isto é muito importante, porque permite uma calibragem exata do projeto, o que é bem diferente de quando se tem primeiramente os recursos financeiros e, então, se vai buscar os parceiros para a implantação do projeto.
Registre-se que os dois autores deste artigo compuseram o time que esteve a frente da condução da implantação e gestão da SBCSol. O co-autor era então o Secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Turismo de São Bernardo (cargo que ocupou entre janeiro de 2009 e julho de 2015); a co-autora era a coordenadora técnica da SBCSol.
Digno de nota também é que, em 17 de junho deste ano, a gestão municipal de São Bernardo recebeu do Sebrae-SP o Selo de Prefeito Empreendedor. A cidade participou da IX Edição do Prêmio Prefeito Empreendedor, por meio de dois projetos: um deles apresentava a experiência de estruturação e execução de uma rede de onze APLs (Arranjos Produtivos Locais) constituídos e coordenados pela prefeitura entre 2012 e 2015. O outro projeto (o de nº 2.354870/2015) tratava justamente da experiência da incubadora de empreendimentos solidários de São Bernardo, a SBCSol. A SBCSol, premiada, competiu na categoria “Inovação e Sustentabilidade”.

A experiência da SBCSol

Uma das ações mais importantes desenvolvidas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo em relação à economia solidária, entre 2009 e meados de 2015, foi a implantação, em 2012, da SBCSol.
Esta incubadora foi resultado de parceria entre o Instituto Granbery/Universidade Metodista, a prefeitura e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A SBCSol teve o desafio de criar uma metodologia específica de incubação para os empreendimentos solidários, bem como apoiá-los com capacitação diversas. Na prática, isto significava também tornar os empreendimentos solidários competitivos e capazes de concorrer no mercado capitalista. Isto envolvia ainda a participação da economia solidária em processos de licitação dos poderes públicos municipal, estadual e federal.
É possível extrair elementos importantes da experiência da SBCSol. Uma delas é a necessidade de que o processo de incubação de economia solidária enfatize a busca constante da qualidade dos produtos e serviços ofertados pelos empreendimentos, o que requer, por sua vez, o aprimoramento persistente dos processos de produção e de prestação de serviços.
Outro elemento a destacar foi o da discussão dos rumos da formalização dos empreendimentos solidários, se na forma de cooperativa, associação, pequena empresa, entre outras. Certamente, norteou a discussão e escolha o caminho que possibilitasse dar melhores condições de remuneração aos seus sócios. Mas este foi apenas um dos pontos levados em conta.
Como resultado, a SBCSol realizou a incubação de 21 negócios, sendo 18 empreendimentos e 3 redes (Rede Alimentação, Rede Artesanato e Rede Reciclagem Têxtil); 4 seminários de desenvolvimento metodológico, divulgação e compartilhamento dos resultados do projeto; 10 cartilhas temáticas de formação e 10 oficinas gerenciais de capacitação; montagem de biblioteca com 1,2 mil títulos ; site, blog e perfil da SBCSol; 2 Livros editados e publicados e 1 vídeo institucional; 9 artigos e 2 Teses de Doutorado; inserção dos Estudos da Economia Solidária na grade curricular na disciplina de gestão do terceiro setor.
No total, 180 pessoas diretas (e 460 pessoas indiretamente) foram beneficiadas pelo projeto. Mais de 40 professores, pesquisadores e alunos estiveram envolvidos no projeto.

As publicações que relatam a experiência da SBCSol

Boa parte da experiência da SBCSol está contada em dois livros. O primeiro deles é “A Política Pública e o papel da universidade: reflexões da Incubadora de empreendimentos solidários de São Bernardo do Campo- SBCSol”, organizado por Douglas Murilo Siqueira e Fabiana Cabrera Silva e lançado ela editora da Universidade Metodista em 2014. Neste livro, consta artigo deste que vos escreve.
O segundo livro é “Metodologia de Incubação: Experiências de Economia Solidária em São Bernardo do Campo”, organizado por Daniela Sampaio Kavasaki Gomes, Renata Mendes e Cristina Paixão Lopes.
Lançado em 2015, a publicação, por meio de diversas ilustrações, relata as experiências com os grupos incubados a partir da metodologia aplicada, enfatizando desde princípios da autogestão até processos de sua formalização e estruturação.
Entre os autores de artigos no livro, estão alguns dos gestores que estiveram diretamente envolvidos como projeto, como Nilson Tadashi Oda, Vanderléa Lima Sena Pereira e Elizabete de Jesus Rocha. O livro pode ser baixado aqui.
Cabe ter claro que a SBCSol, em si mesma, foi uma inovação no Brasil, pois conciliou a política pública de fomento à economia solidária com o potencial de aprendizagem que a universidade oferece. Este modelo pode agora ser replicado em outras localidades. Evidentemente, ao ser replicado, é fundamental potencializar seus pontos fortes e eliminar ou reduzir seus problemas.
Neste final, queremos registrar que a segunda parte deste artigo que ora concluímos é uma versão ajustada do texto “A Economia Solidária e o papel do poder público”, publicado pelo mesmo autor, em 4/7/2016, no ABCD MAIOR.

Jefferson José da Conceição é Prof. Dr. da USCS e Atual Diretor Técnico da Agência São Paulo de Desenvolvimento. Foi Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo entre janeiro de 2009 e julho de 2015. Foi Diretor-Superintendente do SBCPrev entre ago.2015 e fev.2016
Vanderléa Lima Sena Pereira é administradora de empresas com especialização em Empreendedorismo e Economia Solidária. É gestora das ações de desenvolvimento local da Agência São Paulo de Desenvolvimento. Foi coordenadora técnica da Incubadora SBCSol.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

“GUIA DE COMPRAS SAMPA”: APENAS UM APLICATIVO OU UMA AGENDA DE COOPERAÇÃO?


 Jefferson José da Conceição

As Ruas 25 de Março e Santa Ifigênia, os Distritos do Brás e do Bom Retiro e o Mercadão Municipal são lugares de comércio bastante conhecidos na Cidade de São Paulo. Juntamente com outras áreas importantes do entorno, eles formam o maior centro comercial da América Latina. Guardadas as devidas proporções, o mesmo simbolismo de pujança comercial também se verifica na Rua Jurubatuba, no centro de São Bernardo do Campo. Esta rua é o maior shopping de móveis a céu aberto do país. Entre as características comuns de todas estas áreas estão a presença de grande contingente de consumidores e a existência de forte concorrência entre os lojistas, é claro. Entretanto, indo além, o que mais há em comum entre essas áreas comerciais?  

Este artigo procura mostrar que juntos os cinco mencionados lugares paulistanos e a Rua Jurubatuba no ABC Paulista são exemplos concretos de como o Poder Público local pode, em parceria com as associações comerciais e outros atores e instituições envolvidas, promover processos cooperativos que resultem no incremento dos negócios, geração de renda e empregos. Mais ainda: que esta aproximação entre gestão pública, atores e instituições faz emergir um “capital social” local que, se levado adiante e potencializado, pode, como consequência, gerar novas ações cooperativas em prol do desenvolvimento local. Isto é positivo para as empresas, os consumidores e a cidade como um todo.

No caso das ruas do centro da maior cidade da América Latina, o caso de cooperação a ser tratado é o que deve resultar a partir do novo aplicativo público denominado de “Guia de Compras Sampa”, que permitirá melhor organização pelo consumidor que realiza o turismo de compras naquelas áreas. Isto porque o Guia de Compras não será apenas um aplicativo eletrônico. A partir do seu sucesso, ele poderá ser o catalisador de processos de parcerias entre gestão pública e setor privado para a construção e execução de políticas conjuntas que visem fortalecer o comércio no centro da cidade. Este aplicativo será lançado a partir do próximo dia 25 de agosto.

No que se refere ao ABC Paulista, o caso tratado é o da Feira de Móveis da Rua Jurubatuba. Cabe dizer que até 2009 eram praticamente inexistentes ações articuladas entre a Prefeitura de São Bernardo e os lojistas da rua. Não existiam sequer ações significativas que envolvessem a cooperação entre o próprio setor privado. O isolamento e a desconfiança recíproca eram grandes, com reflexos na queda das vendas até então verificada. Isto começou a mudar efetivamente com a política de cooperação entre a Prefeitura e os lojistas, posta em curso a partir de 2009, e que resultou na Primeira Feira de Móveis da Rua Jurubatuba em 2010, e mais cinco edições da feira até 2015. Retomaremos esta experiência mais adiante.

1 O primeiro exemplo de política de cooperação: o Guia de Compras Sampa

O Guia de Compras Sampa é um aplicativo desenvolvido pela Agência São Paulo de Desenvolvimento – ADESAMPA, em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Prefeitura de São Paulo.

O Guia foi criado para facilitar o conhecimento dos turistas e da própria população sobre os estabelecimentos de comércio em toda a Cidade de São Paulo e seus respectivos produtos e serviços. Ele também propicia uma organização mais eficiente do roteiro de compras pelos consumidores.

O Guia de Compras Sampas será lançado com a área que representa o maior turismo de compras do País, que é a parte do centro de São Paulo composta pelas regiões da Rua 25 de março, Brás, Santa Efigênia, Bom Retiro e Mercado municipal.

Em breve, outras importantes regiões de comércio da Cidade, inclusive do centro, deverão ser incorporadas ao aplicativo.

O aplicativo, que é público e gratuito, já parte com uma quantidade inicial de 1.000 estabelecimentos cadastrados, mas tem potencial de mais de 10.000. O cadastramento deste potencial ocorrerá por adesão voluntária dos lojistas, conforme orientação que se segue.

Os lojistas formais das mencionadas áreas que tenham o interesse de incluir seu estabelecimento no aplicativo deverão acessar o site www.guias.adesampa.com.br e preencher todos os dados solicitados no site.

Para acessar o aplicativo, é necessário acessar o Play Store ou o Apple Store e fazer o download do aplicativo Guia de Compras SAMPA.

O objetivo imediato da Agência São Paulo de Desenvolvimento e da Prefeitura de São Paulo com este guia é promover o desenvolvimento do comércio e dos serviços da Cidade de São Paulo, por meio de utilização de instrumentos modernos, atualizados e interativos de difusão de informações.

Entre as entidades parceiras do Guia Sampa de Compras estão a UNIVINCO - União dos lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências; a Câmara de Dirigentes Lojistas - CDL da Santa Efigênia; a CDL - Entidade Oficial dos Lojistas do Bom Retiro /Bom retiro na Moda; a ALOBRÁS - Associação de Lojistas do Brás; e a Associação Comercial de São Paulo.

Dessa forma, o cidadão e o turista (esteja este em Sampa a negócios, para entretenimento ou por qualquer outro motivo) terão em mãos um aplicativo eletrônico para suas compras, inicialmente em seis regiões centrais de grande densidade comercial e mais à frente no conjunto do território paulistano.

Registre-se que nos próximos 36 meses prevê-se a implantação do “Circuito de compras” - projeto encabeçado pela Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Cidade de São Paulo. O Circuito é o objeto da concessão de uso área do centro, por meio de licitação, para a construção de um shopping popular de compras na região do Pátio do Pari (onde se encontra hoje a chamada Feira da Madrugada), hotel, estacionamento para 320 ônibus e vans e quatro centros de apoio ao turista de compras nas principais ruas do polo comercial do centro da cidade.

De maneira mais estruturante, o aplicativo Guia de Compras Sampa e o Projeto “Circuito de Compras” criam todas as condições para o surgimento de um capital social local e a construção de uma agenda de trabalho em prol de ações conjuntas entre gestão pública e setor privado no centro. Voltaremos a este ponto mais adiante.

2. O segundo exemplo de política de cooperação: a Feira de Móveis da Rua Jurubatuba

A Feira de Móveis da Rua Jurubatuba esteve entre as principais realizações do Arranjo Produtivo Local (APL) Moveleiro do Grande ABC constituído pela Prefeitura de São Bernardo do Campo, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo da cidade, a partir de 2010, no formato tríplice hélice, com a participação da Gestão Pública, empresários da indústria, lojistas de móveis, poder público e universidades.

O autor deste artigo pôde estar a frente desta rica experiência, pois era o então Secretário Municipal desta já citada pasta (cargo que exerceu entre janeiro de 2009 e julho de 2015). Esta importante política de parceria envolvendo gestão pública e iniciativa privada, que foi a Feira de Móveis da Rua Jurubatuba, foi relatada em nosso livro “A Cidade Desenvolvimentista” – escrito por este juntamente com mais três autores – e lançado ao final de 2015 pela Editora da Fundação Perseu Abramo. Reproduzo a seguir trecho deste livro sobre a Feira de Móveis:

“A Rua Jurubatuba tem sua história associada com a própria trajetória de São Bernardo do campo, desde os áureos tempos da indústria de móveis nas primeiras décadas do século XX até os dias de hoje, de mercado global. Agora são quase 80 lojas, com 60 mil m2 de exposição de móveis e produtos de decoração. Uma rua sem igual no país. (...) Os objetivos da feira são três, em particular: a) fomentar as vendas; b) incentivar a unidade e o associativismo entre os lojistas; c) gerar a semente de futuras ações conjuntas entre a gestão pública e os lojistas, em benefícios do comércio local e da cadeia produtiva moveleira (...)

Durante a feira, observa-se o alargamento de calçadas, proporcionando maior conforto para os clientes. Há também decoração especial ao longo dos dois primeiros quarteirões da rua, com a instalação de áreas de jardins, nos quais são instalados bancos, fontes e murais com a história do setor moveleiro. Há ainda iluminação especial, sonorização, praça de alimentação e vários eventos artísticos. Estacionamentos credenciados são indicados para os clientes.

Entre os grandes números das feiras estão: 75 lojistas participantes; 60 mil m2 de área de exposição; 50 mil visitantes por edição; aumento de 50% nas vendas; estima-se um faturamento de R$ 18 milhões por edição.

Pode-se dizer que estes resultados, combinados com a liderança da Prefeitura, refletiram-se na gradativa redução da desconfiança entre os empresários do setor, bem como entre estes e a gestão pública. Na medida em que os lojistas foram percebendo a determinação governamental em apoiar o setor, houve uma resposta gradativa, que se traduziu, por exemplo, no investimento privado em várias inserções publicitárias na Rede Globo e em outros órgãos de comunicação. Um dos resultados desta parceria é que as feiras de móveis da Rua Jurubatuba já entraram no calendário anual do setor. E o que é também importante: conforme determinação da Prefeitura, as feiras de móveis estão gradativamente buscando sua autossustentabilidade em termos de custo de realização (especialmente por meio de patrocínios), com a consequente redução de empenho de recursos públicos.

Nas várias reuniões ocorridas entre a Prefeitura e os lojistas de móveis da rua, a Prefeitura procurou destacar que a execução de obras de macrodrenagem nas ruas do centro, que vão resolver a questão das enchentes na Jurubatuba. Neste momento, as obras estão em curso”.

Registre-se, por fim, que a Feira de Móveis da Rua Jurubatuba poderia reproduzir o exemplo do Guia de Compras Sampa e criar um aplicativo que também servisse como um instrumento a mais de fomento à visitação e incremento de vendas.

3. A emergência do “Capital Social” como fator de Políticas de Cooperação e Desenvolvimento Local

Para entender em sua plenitude a dimensão das ações aqui levantadas - o Guia de Compras Sampa e a Feira de Móveis na Rua Jurubatuba – é importante, mesmo que brevemente, retomar o conceito de capital social. Tratamos deste tema em alguns dos artigos recentes deste blog do ABCDmaior. Um desses artigos intitulou-se “Crise e Destruição de Capital Social no Brasil”, publicado em 28 de abril deste ano.

No referido artigo, enfatizamos que, nos últimos anos, tem crescido o interesse de acadêmicos, organismos internacionais de fomento e policy makers sobre a questão das relações entre desenvolvimento local e fatores não econômicos – isto é, variáveis que se situam no plano social, cultural e político. Esses estudos almejam demonstrar que desenvolvimento é função não apenas de medidas econômicas tradicionais (como a oferta de crédito, infraestrutura, incentivos fiscais e investimentos em maquinários), mas também de certos valores, crenças, normas e processos sociais etc. É o que muitos estudiosos denominam de “capital social”.

Um dos estudos de maior repercussão no campo do capital social foi o de Robert Putnam, intitulado “Comunidade e Democracia: a experiência da Itália Moderna”, de 1993. Esse estudioso americano procurou identificar os elementos que influíram nas diferenças de desenvolvimento entre as regiões do norte e do sul da Itália. O autor diagnosticou que o sul da Itália preservou, desde o fim da Idade Média, uma cultura autoritária, o que fez com que as relações sociais nesta região fossem mais hierarquizadas, verticalizadas, menos favorável à cultura da confiança e colaboração. Em sociedades com estas características, as pessoas se fechariam mais em círculos familiares ou muito próximos, e são menos dispostas a se relacionar de forma colaborativa com outros grupos da comunidade. Por seu turno, no norte da Itália o processo se deu de forma bem diferente. As tradições democráticas aí verificadas favoreceram as redes de relações pessoais do tipo horizontais, não hierarquizadas, estimulando o associativismo e a colaboração.

Ao descrever o caso italiano (um dos mais estudados da literatura), Putnam concluiu que existe uma forte relação entre descentralização, democracia participativa e eficácia econômica - fatores que estavam presentes no caso do norte da Itália, a região de maior desenvolvimento.

Para Putnam, o capital social é conceituado pela série de “características da organização social, como confiança, normas e sistemas que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas”. Ou seja, a ideia de capital social abarca noções como participação da sociedade civil na gestão pública, controle social, civismo e cooperação. (...)

Nesse sentido, dá-se grande ênfase, no conceito de capital social, às redes de relações interpessoais e aos valores e sentimentos, como confiança mútua.

De acordo com a teoria do capital social, aspectos da vida cotidiana de uma sociedade, que seriam tomados como irrelevantes em determinadas abordagens do desenvolvimento, podem ser vetores essenciais, na medida em que promovem o fortalecimento do laços, a aproximação e a colaboração entre os indivíduos. Deste modo, por exemplo, a vivência em clubes sociais ou sindicatos pode, em determinada sociedade, se constituir uma variável a ser considerada na explicação do desenvolvimento.

4 Conclusão

No contexto de extrema e acirrada concorrência entre as empresas por mercados, a força da cooperação, como fator de competitividade e desenvolvimento local, vem sendo cada vez mais objeto de atenção por parte de gestores públicos, empresas e acadêmicos. Processos colaborativos podem fazer surgir um “capital social”, elemento de competitividade de empresas e regiões.

A execução de iniciativas conjuntas como o Guia de Compras Sampa e a Feira de Móveis na Rua Jurubatuba abrem a possibilidade que vão para além do próprio Guia e da Feira. Elas viabilizam a construção de uma Agenda de Trabalho, que pode se constituir em uma efetiva política de desenvolvimento local.

No caso específico das áreas comerciais, esta agenda pode estruturar-se em ações conjuntas para dar soluções a desafios concretos como a elaboração e implementação de plano de requalificação e embelezamento do centro; o desenvolvimento do e-commerce; a promoção conjunta das áreas em datas comemorativas; a viabilização de novas áreas de estacionamento; a capacitação gerencial e financeira dos lojistas; a apresentação visual de lojas; a qualificação de mão-de-obra, entre outras.

Jefferson José da Conceição é Prof. Dr. da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e Diretor Técnico da Agência São Paulo de Desenvolvimento - Adesampa. Foi Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo (jan. 2009/jul.2015) e Superintendente do SBCPrev (ago.2015/fev.2016). 

Artigo publicado no site do ABCDMaior, coluna blogs, em 22 agosto 2016.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

AUTOMAÇÃO E CORTE DE EMPREGOS: COMO REGULAMENTAR?

Jefferson José da Conceição

Na esteira da atual crise internacional iniciada em 2008, e da forte desaceleração recente de países como o Brasil, volta ao centro das discussões a preocupação com os fatores que geram cortes de postos de postos de trabalho. As novas tecnologias e a automação de tarefas repetitivas são tidas por muitos como um desses fatores.

1 O Fórum Econômico Mundial em Davos e o Relatório “O Futuro do Trabalho”

Em janeiro de 2016, o já tradicional Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês), que ocorre nos Alpes Suíços, na pequena cidade de Davos - que, neste ano, reuniu cerca de 2500 líderes empresariais da indústria, sistema financeiro, setor de serviços, gestores públicos e representantes da sociedade civil, oriundos de universidades, da cultura, das igrejas e de ONGs, entre outras áreas - teve como pauta principal das discussões o tema: "Dominando a Quarta Revolução Industrial".

A Revolução 4.0 tem como símbolo robôs, drones, bancos de dados complexos, carros autônomos, impressão 3D, entre outros avanços tecnológicos. De modo mais analítico, o novo paradigma é estruturado com base em um aprofundamento e combinação do uso das tecnologias de fronteira (de informação; nanotecnologia; biotecnologia; neurotecnologia entre outras).

Entre outros efeitos, a Revolução 4.0 vivenciará a comunicação entre as máquinas; entre as máquinas e os produtos; e entre as máquinas e os serviços, como é o caso da manutenção das próprias máquinas. Esta revolução intensifica a automatização dos processos. São as fábricas e empresas inteligentes do futuro. Em artigo no ABCDMaior, de 2/12/2014, tratamos do tema Revolução 4.0.

Diante deste futuro, o Fórum Econômico Mundial retomou a discussão se as novas tecnologias resultarão em mais ou menos empregos? Quais serão as novas profissões do futuro e quais serão eliminadas? As novas tecnologias aumentarão ou diminuirão as diferenças entre os ricos e pobres? O gap entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos vai aumentar ou reduzir?

Um dos estudos apresentados no Fórum intitula-se “O Futuro do Trabalho”. O relatório tomou como base 15 países (inclusive o Brasil), que no total representam aproximadamente 65% da força de trabalho mundial. As conclusões do estudo apontam que as novas tecnologias e o processo de automação representarão o corte de aproximadamente 5 milhões de empregos, em todo o mundo, até 2020. Este número é a diferença líquida entre a estimativa de corte de 7,1 milhões de empregos e criação de 2 milhões de postos de trabalho, nos próximos cinco anos.

Ainda de acordo com o referido relatório:

"A 4ª Revolução Industrial, que inclui desenvolvimento em campos antes desconectados como inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, impressoras 3D, genética e biotecnologia, causará disseminada perturbação não somente para os modelos de negócios, mas também para o mercado de trabalho nos próximos cinco anos, com enormes mudanças previstas no conjunto de habilidades requeridas para prosperar no novo panorama".

Klaus Schwab, professor, empresário e organizador do Fórum, foi ainda mais apocalítico em entrevista sobre o assunto:

"Ainda não estamos suficientemente preparados para essa quarta revolução industrial, que cairá sobre nós como um tsunami e mudar sistemas inteiros (...). Meu temor é que se não nos prepararmos, iremos criar um mundo onde particularmente a classe média estará em vias de extinção. Isso levaria a um novo problema de exclusão social, algo que temos absolutamente de evitar."

2. Independentemente do debate entre otimistas versus pessimistas, cabe a regulamentação da automação no Brasil

Desde há muito, o tema da automação envolve um debate entre “otimistas” e “pessimistas” quanto ao impacto das novas tecnologias sobre os empregos.

Os otimistas apontam para a criação de empregos diretos e indiretos gerados pela introdução das novas tecnologias, bem como para o impulso ao crescimento econômico e à competitividade das nações e empresas.

Os pessimistas ressaltam que o efeito líquido entre geração de novos empregos e cortes de postos de trabalho nos setores e atividades tradicionais, alvo das automações, resultam em expressiva perda líquida de empregos e de renda.

O debate continuará evidentemente. Mas, como dito, ele tende a se acirrar, já que o contexto de crise traz a tona novamente a preocupação com o efeito da automação sobre os empregos. Nos últimos anos, esta preocupação foi deixada de lado, como resultado do forte crescimento econômico e da geração de empregos.

Neste sentido, nossa visão é de que o avanço tecnológico é fundamental para a evolução da sociedade. Não se trata de interrompe-lo. Temos trabalhado vários temas e projetos que contribuem para aprofundar o desenvolvimento tecnológico, entre eles: Parque Tecnológicos, Incubadoras Virtuais de Empresas, implementação do modelo tríplice hélice (aproximação de gestão pública – universidades – empresas) na elaboração e implementação de projetos.

Entretanto, assim como acontece com outros fenômenos relacionados à produção e ao trabalho – como é o caso da terceirização -, é necessária a regulamentação do processo de automação no Brasil, se quisermos impedir a precarização do trabalho no Brasil.

Desta forma, como uma contribuição ao debate, reproduzo a seguir na íntegra o artigo “Subsídios para a regulamentação da automação no Brasil”, que, em 2008, escrevi em parceria com Patrícia Toledo Pelatieri, Fausto Augusto Junior e Maria da Consolação Vegi da Conceição. Embora já tenham se passado oito anos, o artigo, publicado nos portais eletrônicos da Revista Jus navigandi e do Âmbito Jurídico, continua atual, seja pelo seu conteúdo, seja pelo fato de a automação continuar um processo sem regulamentação no Brasil.

3. Subsídios para a regulamentação da automação no Brasil

“A automação é fenômeno do mundo contemporâneo, marcado pela abrangência, profundidade e velocidade das inovações tecnológicas e organizacionais. Ela tem transformado os processos produtivos em todos os setores da economia: indústria, comércio, serviços, agricultura, pecuária, extração mineral e vegetal.

Alguns exemplos ilustram o impacto da automação e das inovações organizacionais sobre a produção e o emprego.

Na indústria automobilística, a produção anual de autoveículos em 1990 foi 914 mil unidades, com o emprego de 117,4 mil trabalhadores nas montadoras. Em 2007, a produção alcançou 2,97 milhões de unidades de autoveículos, mais do que triplicando em relação a 1990, mas o emprego foi reduzido para 104,2 mil.

No setor bancário, o número de terminais de caixas eletrônicos de uso exclusivo e compartilhado no Brasil saltou de 111,3 mil para 146,9 mil entre 2001 e 2006, o que representou um crescimento de 32%. No mesmo período, o número de bancários diretos (não terceirizados) no Brasil subiu de 393,1 mil para 420,0 mil, crescimento de 6,8% - crescimento certamente limitado também pelo referido ritmo de expansão dos terminais de autoatendimento.

Na área agrícola, uma colhedeira mecânica, que até 1975, poderia colher cerca de 300 toneladas de cana crua por dia, passou a cortar 800 toneladas em 2005 (www.conciência.br). A depender da topografia e da cana em questão, uma máquina pode substituir de 80 a 100 homens.

Portanto, regular a automação é uma necessidade premente há décadas. No caso brasileiro, o inciso XXVII do artigo 7º do Capítulo II Dos Direitos Sociais da Constituição Federal (CF) de 1988 prevê: "[a] proteção em face da automação, na forma da lei". No entanto, já faz quase duas décadas desde a promulgação da Constituição e nenhuma lei que regulamenta a automação foi aprovada.

Por automação entende-se "as situações em que, especialmente na indústria, mas não somente ela, o trabalho humano é substituído, sob o aspecto físico ou intelectual, por máquinas ou servossistemas – mecânicos, hidráulicos, pneumáticos, elétricos e eletrônicos – aptos a desenvolver automaticamente seqüências de operações mais ou menos longas e complexas, sob o controle de aparelhos elétricos ou eletrônicos, de natureza e complexidade variada" (Dicionário de Sociologia, de Luciano Gallino).

Em 1988, quando o referido inciso XXVII do art. 7º da CF foi aprovado, o país vivenciava ainda os primeiros anos de um intenso processo de reestruturação produtiva – intensificado, sobretudo, com a abertura comercial a partir do ano de 1990 – e, de fato, naquele momento a automação, stricto sensu, era a mais latente das manifestações daquele processo.

No entanto, a experiência acumulada desde então indica que uma lei que, sem impedir a modernização da empresa, vise à proteção do trabalhador em face dos efeitos da reestruturação produtiva deveria ter como objeto não apenas a "automação", mas também, de modo ampliado, a introdução de um conjunto de inovações organizacionais, que inclui tanto a introdução de novos equipamentos quanto as novas formas de organização do trabalho (círculos de controle de qualidade, células de produção, just in time, trabalho em grupos semi-autônomos etc).

O Projeto de Lei Nº 2.902, de 1992, de autoria do então Senador Fernando Henrique Cardoso, era um dos projetos que objetivavam, já naquela época, preencher este vácuo de regulamentação. O PL de FHC praticamente não estabelecia nenhuma proteção efetiva ao trabalhador atingido ou em vias de ser atingido pela automação. Em síntese, o que ele previa é a criação de comissão paritária para negociação da redução dos efeitos negativos da automação e a criação de "Centrais Coletivas de Reciclagem e Realocação de Mão-de-Obra".

Do nosso ponto de vista, um projeto que vise regulamentar a automação deveria prever, entre outros pontos:

a) INFORMAÇÃO PRÉVIA: Fornecimento de informação prévia por parte da empresa dos seus projetos de automação. Qualquer lei que vise proteger o trabalhador dos efeitos negativos da automação e das mudanças organizacionais deve obrigar à informação prévia por parte da empresa ao respectivo sindicato dos trabalhadores quanto aos projetos que pretende implementar neste sentido. Esta informação prévia – por exemplo, seis meses de antecedência – permitiria às representações sindicais, aos trabalhadores e à empresa iniciarem processo de negociação coletiva e adotarem medidas que minimizem os efeitos mais perversos do processo.

b) HIERARQUIA DE NATUREZA SOCIAL: Estabelecimento de "hierarquia de natureza social" nos projetos de automação das empresas. A regulamentação da automação deve estabelecer "hierarquia de interesse social" no processo de automação, de modo a obrigar as empresas a iniciarem processos de automação pelos setores de maior penosidade, periculosidade e insalubridade. Se a empresa tem projetos de automação, ela deveria respeitar uma seqüência que se justifique socialmente, iniciando-se pelos setores que envolvem maior grau de risco à saúde e segurança do trabalhador e desde que os trabalhadores que ali trabalham sejam protegidos em seu direito ao trabalho (e demais direitos trabalhistas).

c) NEGOCIAÇÃO COLETIVA: Determinação da negociação coletiva: O ideal é que qualquer PL de proteção à automação preveja a necessidade de negociação entre a empresa e o Sindicato representativo dos trabalhadores da empresa

d) CONTROLE DO RITMO DO TRABALHO: A regulamentação da automação deve fazer referência à necessária negociação coletiva do ritmo de trabalho. Um dos efeitos mais claros do processo de automação para os trabalhadores que permanecem na empresa é o aumento do ritmo de trabalho, com fortes efeitos negativos em termos da saúde e segurança no trabalho.

e) PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA: É importante que a futura regulamentação da automação determine a obrigatoriedade da fixação de Planos de Demissão Voluntária (PDV) e dos critérios que deveriam nortear estes planos. Estes PDVs contribuiriam para amenizar o caráter arbitrário da demissão.

f) CONTRATAÇÃO DOS TRABALHADORES DESTINADOS ÀS CENTRAIS COLETIVAS DE RECICLAGEM E REALOCAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA: O artigo 2º do PL de Fernando Henrique Cardoso diz: "Os Sindicatos das categorias econômica e profissional, mediante convenção coletiva de trabalho em comum acordo, manterão Centrais Coletivas de Reciclagem e Realocação de Mão-de-Obra, com vistas a acelerar os mecanismos de emprego compensatório e facilitar a reabsorção da mão-de-obra dispensada pela empresa que automatizar-se, criando serviços próprios de realocação da mão-de-obra ou utilizando o Sistema Nacional de Emprego do Ministério do Trabalho e da Administração Federal". Contudo, a futura regulamentação deveria prever também, mas não o faz, que a empresa tem a obrigação de contratar prioritariamente os trabalhadores enviados para os Centros de Requalificação.

g) CONTRIBUIÇÃO AO FAT: Contribuição obrigatória da empresa que automatiza ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT): cobrança de um determinado percentual sobre o último salário do trabalhador, que será pago pela empresa e destinado ao FAT, para o cumprimento dos objetivos públicos daquele fundo, que é a geração de emprego e requalificação dos trabalhadores.

h) COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO PATRONAL AO INSS E SISTEMA ‘S’: Nos setores intensivos em mão-de-obra (a serem determinados de modo conjunto entre governo, centrais sindicais e representações empresariais), a cobrança da contribuição patronal ao INSS e dos encargos relativos ao sistema "S" deverão ser transferidos da folha de salários para o faturamento (valor adicionado). O objetivo desta medida é tornar a contratação de mão-de-obra economicamente mais competitiva que sua substituição por máquinas e equipamentos.

i) AMPLIAÇÃO DO SEGURO DESEMPREGO: Ampliação das parcelas do seguro desemprego para os trabalhadores atingidos pela automação.

j) PENALIZAÇÃO ÀS EMPRESAS QUE DESCUMPRIREM A LEI: Previsão de multa ou outra forma de penalização às empresas que vierem a descumprir os termos da lei. Defendemos que a melhor penalização seria a obrigatoriedade da reintegração dos trabalhadores atingidos pela automação.

l) IMPEDIMENTO TEMPORÁRIO DA AUTOMAÇÃO POR FORÇA MAIOR: a regulamentação deve delegar ao poder executivo o poder de decretar o impedimento temporário da automação em determinada atividade econômica por força maior, decorrente de crise econômica e dos impactos sociais por ela gerados.

Jefferson José da Conceição é Prof. Dr. da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e Diretor Técnico da Agência São Paulo de Desenvolvimento - Adesampa. Foi Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo (jan. 2009/jul.2015) e Superintendente do SBCPrev (ago.2015/fev.2016). Foi Técnico do DIEESE no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e CUT (1987-2009).

Artigo publicado no blog do site do ABCDMaior, em 15/8/2016.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

INCUBADORAS DE EMPRESAS: DO MODELO TRADICIONAL À VIRTUALIDADE



Jefferson José da Conceição
Alessandra Santos Rosa

Este artigo pretende destacar o papel contemporâneo das Incubadoras virtuais, sem deixar de realçar a riqueza e relevância das Incubadoras que têm uma base física. A partir da exploração das potencialidades abertas pelas diversas plataformas eletrônicas de comunicação, e das experiências já em curso internacionalmente e também no Brasil, as incubadoras virtuais devem ser vistas como uma opção avançada e complementar ao rol de mecanismos existentes de apoio ao empreendedorismo. As incubadoras virtuais possibilitam ainda uma resposta adequada ao crescente número de empreendimentos que buscam a sua participação em Incubadoras. Estas formas novas de incubadoras permitem ainda um intenso diálogo com o público jovem, cada vez mais “conectado” e participante do mundo virtual.

1 O que é incubadora de empresas

A palavra “incubação”, na biologia, diz respeito ao processo segundo o qual determinados animais ovíparos chocam os seus ovos, e, dentro destes ovos, ocorre o crescimento e o desenvolvimento do embrião até à sua eclosão. Portanto, este conceito biológico certamente inspirou o uso do termo “incubação” para o tipo de apoio acolhedor proporcionado pelas incubadoras de empresas aos empreendimentos nascentes. 

O interesse pelas incubadoras cresceu acompanhando a atenção crescente dada à temática do empreendedorismo em todo o mundo. A partir das primeiras experiências surgidas na década de 1950 nos EUA, e espraiadas celeremente nos anos de 1980 nos EUA e Europa, as incubadoras de empresas ou “incubadoras” têm como objetivo estimular o surgimento e o desenvolvimento de micro e pequenos empreendimentos, por meio do suporte a estes em seu estágio ainda inicial. Estes empreendimentos podem estar ligados às áreas tecnológicas de fronteira; manufaturas industriais tradicionais; serviços; economia criativa; Economia Solidária, entre outras.

O suporte e consultoria aos empreendimentos nascentes, fornecido por equipe técnica ligada à Incubadora, varia por tipo de incubação. Grande parte das vezes, o apoio ocorre relacionado aos seguintes aspectos:

     Cursos de capacitação, formação e treinamento;
     apoio técnico em relação ao produto e processo de produção;
     suporte à gestão contábil, administrativa, financeira e jurídica do negócio;
     assistência à comercialização;
     marketing;
     orientação em relação à estruturação do Plano de Negócios;
     gestão da propriedade intelectual.

As incubadoras não podem ser vistas como condomínio ou mero espaços de coworking. Sendo mais do que isso, elas costumam permitir também o compartilhamento de espaços, equipamentos, infraestrutura, recursos humanos. Em muitos dos casos, estes custos são divididos entre os incubados.  Por meio de um ambiente de colaboração, as incubadoras costumam propiciar troca de ideias e contatos, viabilizando parcerias e redes cooperativas que ajudam no crescimento dos empreendimentos e no acesso ao mercado.

O tempo de incubação dos empreendimentos também costuma variar bastante entre as incubadoras.  De acordo com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC, o tempo médio de incubação entre as incubadoras é de três anos (36 meses), mas este tempo pode ser maior ou menor, dependendo de elementos como tipo de negócio; tempo necessário para pesquisa e desenvolvimento; nível de faturamento.

Ainda de acordo com estudo da ANPROTEC em parceria com o SEBRAE, o Brasil tem hoje 369 incubadoras em operação, abrigando 2.310 empresas incubadas e 2.815 empresas graduadas, com a geração de 53.280 postos de trabalho e faturamento que passa os R$15 bilhões.

O National Business Incubation Association (NBIA), organização internacional sediada nos EUA, estima a existência de mais de 7.000 incubadoras em todo o mundo.

2 Incubadoras e inovação tecnológica

Constitui-se em objetivo da incubação o apoio à geração de inovação tecnológica. Evidentemente, este objetivo é primordial nas incubadoras de base tecnológica. Contudo, a inovação (de processo, produto, gestão ou comercialização) não é e nem deve ser exclusivo das incubadoras de base tecnológica.

Por exemplo, as incubadoras que têm forte ênfase na inclusão social, cooperativismo e combate à vulnerabilidade social, como o caso das Incubadoras de Empreendimentos Solidários, também devem buscar estimular a inovação nos projetos, pois isto significa, entre outros, maiores chances de sobrevivência e expansão de mercados. Por isto, muitas das incubadoras, dos diferentes tipos, estão ligadas às universidades e centros de pesquisa.

Conforme define a ANPROTEC:

“Incubadoras de empresas (...) são entidades promotoras de empreendimentos inovadores. A incubadora de empresas tem por objetivo oferecer suporte a empreendedores para que eles possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso. Para isso, oferece infraestrutura e suporte gerencial, orientando os empreendedores quanto à gestão do negócio e sua competitividade, entre outras questões essenciais ao desenvolvimento de uma empresa”.

Muitas incubadoras em estágio mais avançado buscam também estimular e apoiar a ligação dos empreendimentos com as empresas privadas, de forma a viabilizar parcerias do tipo “investimento-anjo” (feito por pessoas físicas com seu capital próprio em empreendimento nascente com elevado potencial de crescimento), “capital semente” (feito por pessoa jurídica em empreendimentos nascentes, mas com estágio mais avançado em termos de clientes, definição de produtos) e “venture capital" (capital de risco).

Outra dimensão importante reside no apoio da incubadora à estruturação dos projetos dos empreendimentos para a captação de recursos públicos disponibilizados por instituições de fomento.

3 Gestão de Incubadoras

Embora existam incubadoras que objetivam o lucro (as incubadoras-com), a grande predominância é de incubadoras não lucrativas. Estas incubadoras que não visam o seu próprio lucro costumam ser organizadas e geridas por instituições como Governos, Agências de Desenvolvimento Econômico, Universidades, Instituições de Fomento, Organizações mistas (como Parques Tecnológicos) ou Organizações Não Governamentais - ONGs.

Para o poder público, apoiar a constituição de incubadoras é importante, porque elas, se bem estruturadas em suas finalidades, parcerias e formas de gestão, contribuem para fomentar o empreendedorismo; a inovação tecnológica; a diversificação da economia; o crescimento econômico; a expansão da venda dos produtos da região para outras; a geração de oportunidades qualificadas de trabalho. Em suma, as incubadoras podem se constituir em instrumentos do desenvolvimento local.

Há várias formas de se avaliar o êxito de uma incubadora. A qualidade das suas instalações; as parcerias que realizou; a composição e participação do Conselho consultivo, que deve ser constituído por representantes de instituições relevantes; o tempo médio de incubação dentro dos padrões estabelecidos; a falta de capacitação e ensino relevantes na temática do empreendedorismo; o número de empreendimentos incubados que obtiveram sucesso após sair da incubadora; a baixa taxa de mortalidade; o grau de cumprimento das metas estabelecidas para a incubadora – estão entre estes indicadores.

4 O que são Incubadoras Virtuais

As incubadoras físicas possuem incubados “residentes” e estão instaladas em prédios, galpões, áreas de universidades e outros espaços construídos ou adaptados para abrigar, temporariamente, o empreendimento nascente. Comumente, as incubadoras físicas possuem baias (salas de trabalho) para cada estabelecimento, sala de reunião, auditório, secretaria, serviços de comunicação (telefone e internet) e espaços para networking entre os estabelecimentos e entre estes e os vários parceiros – professores, empresários, gestores públicos. Em determinadas incubadoras, encontram-se também espaços para instalações laboratoriais. 

Nesta década, as incubadoras vêm tomando novas formas, sem necessariamente perder a importância da unidade física em muitos dos casos.

Entre as novas formas estão as incubadoras virtuais. Diferentemente da incubadora física, a incubadora virtual não tem paredes. Seu espaço, como o próprio nome diz, é virtual, por meio de plataformas eletrônicas de comunicação. Isto viabiliza redução de custos da operação, como aluguel, manutenção predial, deslocamentos e estacionamentos.

Os serviços prestados pela Incubadora Virtual costumam ser muito semelhantes aos de uma Incubadora física: apoio à capacitação, gestão técnica, gestão financeira, networking, entre outros. Entretanto, o modelo de incubação virtual costuma apostar na maior facilidade que a incubadora virtual pode oferecer em termos de troca de ideias e parcerias entre os incubados e entre estes e parceiros estratégicos. 

Vale mencionar que o conceito de incubação virtual derivou, em muitos dos casos, da própria evolução das incubadoras físicas.  Assim, em 2006, o NBIA constatou:

“Mais de 50% dos programas de incubação relataram que também prestavam serviços a clientes virtuais, que não estavam instalados nas dependências da incubadora. Os clientes muitas vezes estavam situados em casa ou tinham suas próprias instalações fora das 
incubadoras físicas”.

Um exemplo deste modelo no Brasil é o da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo – USP/Ipen, gerida pelo Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia, CIETEC. Esta incubadora é um dos maiores pólos de incubação de empresas de base tecnológica da América Latina. Os empreendimentos aprovados podem ser inserir na modalidade Pré-incubação residente (para projetos em fase inicial de desenvolvimento); Hotel de projetos; Incubação residente; Incubação residente de empresas de tecnologia de Informação e comunicação (TIC); Pós-incubação residente (para empresas em fase operacional, preferencialmente graduadas na incubadora); Incubação não residente de empresas de base tecnológica; Pós-incubação não residente de empresas de base tecnológica.

Acrescente-se que as incubadoras virtuais possibilitam também incubar um maior número de empreendimentos incubados. Isto viabiliza, pelo menos em parte, o atendimento a procura crescente de pessoas que almejam ter seus projetos conectados a uma incubadora de referência.

Da mesma forma que acontece com as incubadoras físicas, o sucesso de uma incubadora virtual depende de muitos fatores: os serviços prestados; as plataformas eletrônicas de comunicação utilizadas; a capacidade de interatividade do portal ou site; o efetivo envolvimento de entidades parceiras e empresas; a gestão e sustentabilidade financeira da incubadora, entre outros.

Por último, mas não menos importante, é o fato de que as incubadoras virtuais dialogam bem com o mundo dos jovens cada vez mais virtual. Assim, o jovem brasileiro, tal como os jovens em todo o mundo, é cada vez mais participante de um mundo virtual.  A Pesquisa “Juventude Conectada”, da Fundação Telefônica, realizada em 2014 com 1440 jovens entre 16 e 24 anos, nas cinco regiões do País, mostrou que 52% dos entrevistados acreditam totalmente ou quase totalmente que a internet: 1) acelera o desenvolvimento de projetos; 2) estimula a inovação/geração de ideias e novas soluções; 3) ajuda no desenvolvimento da carreira profissional.

A pesquisa também mostrou que 45% dos jovens concordam que a internet é um ambiente que contribui para o espírito empreendedor e 41% que ela permite levantar dinheiro e/ou financiamento para a realização de projetos e novos negócios, especialmente no apoio às startups.


5. Incubadoras Virtuais, Plano de Negócios e Inovação Tecnológica

Entre os serviços prestados por uma incubadora virtual, assim como os prestados pelas incubadoras físicas, vale especial menção ao apoio à elaboração do Plano de Negócios da incubada, pois diversos estudos relacionam a “mortalidade” das empresas nascentes com a falta de um sólido planejamento.

A importância do Plano de Negócios foi assim expressa pelo Prof. Guilherme Ary Plonski, da Escola Politécnica da USP, membro do IPT e da ANPROTEC: “O Plano de Negócios [é] instrumento de planejamento, isto é, busca redução de incerteza”.

Na mesma linha segue o Prof. José Dornelas, um dos maiores estudiosos sobre o tema incubação de empresas, em seu estudo “Planejando Incubadoras de Empresas”:

“O Plano de Negócios assume papel de destaque neste processo, haja visto que, além de servir de ferramenta de planejamento, serve também como ferramenta-padrão exigida pelas entidades de fomento (...) para a análise e concessão de recursos financeiros e econômicos, essenciais à sua operação”.

Registre-se ainda que os serviços da incubadora virtual podem e devem ser complementados com reuniões presenciais (face to face) regulares entre os incubados e entre estes e os mentores, representantes de empresas, gestores públicos entre outros parceiros, realizadas em lugares previamente acordados (não raro, na sede de uma das entidades parceiras da incubadora).

Neste sentido, a utilização de laboratórios de universidades e centros de pesquisa pode ser objeto de discussão e contratação pela incubadora para o apoio aos seus incubados. Por outro lado, as incubadoras virtuais de empresas estão sendo cada vez mais apoiadas por centros de excelência em atividades de inovação tecnológica, como é o caso do Vale do Silício, nos EUA.

Também para as incubadoras virtuais vale o registro da necessidade de que os encontros presenciais sejam devidamente planejados, para que se estimule a criatividade e a interação entre os empreendimentos incubados, e entre estes os diversos parceiros da incubadora.

6. Incubadoras Virtuais e Parques Tecnológicos

O entrelaçamento entre incubadoras e Parques Tecnológicos fica claro nesta citação extraída do Prof. José Dornelas:

“Deve-se mencionar ainda o forte relacionamento entre as incubadoras de empresas e os parques tecnológicos. Desde o surgimento do primeiro parque tecnológico que se tem notícia, no final da década de 1940, em Palo Alto – CA, Estados Unidos, caracterizado pelo estreito relacionamento com a Universidade de Stanford (...) e que serviu de modelo para vários outros países desenvolverem seus parques tecnológicos (...), conceitos como venture capital (capital de risco), empreendedorismo e incubadoras de empresas começaram a ser relacionados como condições básicas para o desenvolvimento econômico regional, graças à inovação tecnológica e transferência de tecnologia (...).
A participação dos governos no incentivo às empresas de base tecnológica tem sido fundamental, assim como no caso dos parques tecnológicos, direcionando os esforços de pesquisa para setores considerados prioritários, como ocorreu nos Estados Unidos (...), no Japão (...), na França, no Canadá, na Alemanha, na Itália, na Inglaterra, mais recentemente em Israel (...) e em países em desenvolvimento como a China e o México (...).
No Brasil, os primeiros projetos de parques tecnológicos surgiram a partir de 1984, por meio de convênios do CNPq com instituições localizadas em São Carlos – SP, Joinvile – SC, Campina Grande – PB, Manaus – AM e Santa Maria –RS, com o intuito de criação de empresas de base tecnológica nessas regiões (...). Essas experiências iniciais motivaram o surgimento de parques tecnológicos em outras regiões do país, que atualmente possui dezenas dessas iniciativas. Assim, com a criação dos parques tecnológicos, o surgimento do conceito de incubadoras de empresas focadas em empresas de base tecnológica foi natural, já que, para abrigar as iniciativas empreendedoras, havia a necessidade de se constituir espaços que proporcionassem um perfeito desenvolvimento desses negócios inovadores e acelerassem sua consolidação (...).

Neste sentido, é preciso aprofundar o conhecimento do impacto das incubadoras virtuais sobre o conceito e forma de funcionamento dos Parques Tecnológicos. Do nosso ponto de vista, estas incubadoras permitem, por exemplo colocar em xeque exigências de metragem mínima de área para os Parques Tecnológicos, como a que estabelece o Sistema Paulista 
de Parques Tecnológicos, que fixa em 200 mil m2.

7. A experiência dos autores com o processo de Incubação

Por fim, cabe registrar que, além da literatura sobre incubação, as considerações expostas neste artigo tomaram como base a experiência concreta dos autores deste artigo com gestões de incubadoras e troca de experiências internacionais.

O co-autor deste artigo, ainda na qualidade de Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo (2009-2015), teve sob sua gestão a incubadora tecnológica de São Bernardo e constituiu, em 2012, a inédita Incubadora de Empreendimentos Solidários de São Bernardo - SBCSol, fruto da parceria entre a Prefeitura, a Universidade Metodista, o Instituto Granbery e a Finep. A SBCSol incubou, no período, cerca de vinte grupos e três redes incubadas nas mais diferentes áreas (metalurgia, artesanato, alimentação, têxtil, hortas urbanas e reciclagem), que envolveu mais de 180 pessoas. O maior resultado da SBCSol foi a constituição de uma metodologia de incubação de empreendimentos solidários.

Em 2014, o co-autor, também como Secretário Municipal à época, coordenou missão quadripartite à Suécia, formada por representantes da Gestão Pública, Empresários, Sindicatos (Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) e Universidades (UFABC, FEI, Instituto Mauá e Universidade Metodista). O objetivo da missão foi o de buscar entender o funcionamento do modelo “tríplice hélice”, base do sucesso daquele país no campo tecnológico, e que reúne gestão pública, universidades e setor privado em projetos estratégicos, como é o caso da aeronave supersônica Gripen. A missão teve a oportunidade de dialogar com várias incubadoras, parques tecnológicos, universidades e laboratórios de pesquisas, entre outros.

Por sua vez a co-autora realiza, como coordenadora de Desenvolvimento Econômico da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Cidade de São Paulo, o acompanhamento da gestão da Incubadora Pública de Empreendimentos Econômicos Solidários.

Em junho deste ano, a co-autora integrou missão ao Reino Unido, que teve “o objetivo de visitar e identificar fatores críticos de sucesso de incubadoras britânicas em economia criativa e iniciar o trabalho em conjunto com a equipe do The Studio, incubadora criativa da Loughborough University”.

Ambos os autores participam de grupo de discussões que visa, em parceria com importante universidade brasileira, a constituição da Incubadora Virtual do Parque Tecnológico da Cidade de São Paulo.

Jefferson José da Conceição é Prof. Dr. da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e diretor técnico da Agencia São Paulo de Desenvolvimento (ADESAMPA). Foi o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo entre janeiro de 2009 e julho de 2015 e superintendente do SBCPrev entre agosto de 2015 e fevereiro de 2016.

Alessandra Santos Rosa é Mestranda na USCS e Coordenadora do Desenvolvimento Econômico da Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Cidade de São Paulo.




 Artigo publicado em 2/8/2016 no site do ABCDMaior.