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sexta-feira, 17 de agosto de 2018





Conjuscs lança 3ª Carta de Conjuntura
No dia 15/08, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), por meio do seu Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura (Conjuscs), realizou coletiva de imprensa para a entrega da 3ª Carta de Conjuntura da USCS. A atividade ocorreu no Campus Barcelona.
Planeja-se que sejam lançadas seis edições da Carta de Conjuntura por ano. As publicações serão compostas por levantamentos e análises de temas do Brasil e da Região do Grande ABC, em áreas como: atividade econômica; emprego; preços; finanças públicas; gestão organizacional; situação contábil das empresas; comércio exterior; empreendedorismo e inovação tecnológica.
As cartas serão no formato eletrônico e serão divulgadas por meio da assessoria de imprensa e site da USCS.
O Conjuscs está sob a direção das Pró-Reitorias de Graduação e de Pós-Graduação. Entre os principais propósitos do Observatório está contribuir para uma leitura objetiva da realidade econômica do Grande ABC, e, com isto, propiciar o aperfeiçoamento das políticas públicas e privadas.
Clique aqui para acessar a 1ª Carta de Conjuntura da USCS (lançada em 14/3)
Clique aqui para acessar a 2ª Carta de Conjuntura da USCS (lançada em 16/5)
Clique aqui para acessar a 3ª Carta de Conjuntura da USCS (lançada em 15/08)

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

INVESTIR NA INDÚSTRIA OU EM TÍTULOS FINANCEIROS?



Artigo que publicamos hoje, 3/8/2018, em nossa coluna semanal no Diário do Grande ABC. O Artigo intitula-se "Investir na Indústria ou em Títulos Financeiros?". A Coluna denomina-se "O ABC da Economia" e abriga contribuições do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul.

INVESTIR NA INDÚSTRIA OU EM TÍTULOS FINANCEIROS?

Jefferson José da Conceição

Em 15 de julho, o Diário publicou matéria sobre o estudo que fizemos no Observatório da USCSa respeito das margens de lucro em indústrias do Grande ABC comparadas com a rentabilidade em aplicações financeiras. Detalhemos um pouco mais o estudo.

A financeirizaçãoé atualmente um dos grandes desafiosno campo econômico. E é ainda maior em países como o Brasil, que possui os juros mais altos do planeta. A financeirização é o processo no qual a rentabilidade das aplicações em títulos financeiros sobrepõe-se à rentabilidade no setor produtivo. O investidor ganha mais dinheiro no mercado financeiro do que quando investe na produção. Se isto persiste por longo período, torna-se um grande problema para o País. Para regiões industriais, como o Grande ABC, este quadrovira dramático, em função dos desinvestimentos, fechamento de fábricas e desemprego.

O fenômeno é global. Ocorre nos países avançados e nos emergentes. O economista Ha-JoonChang, em obra de 2013, apontou que a GE, a GM e a Ford, três gigantes da indústria, tornaram-se corporações financeiras por meio da contínua expansão das suas subsidiárias financeiras, cujo contraponto foi o declínio das suas atividades industriais. No início do século 21, a maior parte do lucro dessas empresasvinha das suas atividades financeiras, e não do seu segmento industrial. Em 2003, 45% do lucro da GE era gerado pela GE capital (braço financeiro da empresa). Em 2004, 80% dos lucros da GM tinham como origem a sua subsidiária financeira, a GMAC. Entre 2001 e 2003, a Ford Finance foi responsável pela totalidade dos lucros da Ford.

Nossa pesquisa, baseada em dados secundários, levantouque, em um conjunto de empresas industriais do Grande ABC, que estavamranqueadas entre as 1000 maiores do país entre 2012 e 2016, a margem de lucro anual média foi bem inferior à taxa selic, que é a remuneração financeira básica. Em 2012, a remuneração da taxa selic foi de 8,62% contra 1,94% de margem de lucro média das indústrias; em 2013, respectivamente 8,06% contra 2,28%; em 2014, 10,81% contra 2,98%; em 2015, 13,24% contra - 4,62%; em 2016, 14,00% contra - 0,43%.

Em 2016, o lucro líquido do Itaú Unibanco foi de R$ 21,6 bilhões; Bradesco, R$ 15,1 bilhões; Banco do Brasil, R$ 8,0 bilhões; Santander, R$ 5,5 bilhões. Isto geroumargens de lucro de 41,0% para Itaú Unibanco; 28,3% para o Bradesco; 25,2% para o Banco do Brasil; 20,7% para o Santander.

Os montantes e as margens de lucro muito elevadas dos bancosmostram a acentuada discrepância entre a rentabilidade financeira e aprodutiva no Brasil. O resultado é o contínuo fechamento de indústrias, desemprego industrial e perda de know-how tecnológico. 

O local em que o capital se multiplica migrou da fábrica para o banco. É simbólico que muitos diretores e gerentes industriais estejam sendo atraídos pelos bancos. Isto também acontece com os jovens talentos, egressos de áreas como administração, economia, contábeis, direito e até mesmo engenharia.

Oenfrentamento da financeirização,com a valorização da produção, do know-how tecnológico e do emprego, deve fazer parte do rol de bandeiras mobilizadoras da sociedade.No estudo, defendemos como propostas:

a) Promover uma efetiva Política Industrial que incremente a rentabilidade em todos os setores, mas que seja acompanhada de rígidas contrapartidas no cumprimento de metas de produção, inovação, exportações e empregos.

b) Aumentar o número de membros do Conselho Monetário Nacional, para permitir a participação de representantes da atividade produtiva e de outras instâncias da sociedade (como universidades), não só na definição da taxa de juros e no alcance da meta de inflação, mas também nabusca de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e expansão dos empregos.

c) Regulamentar visando queos bancos apoiem (com taxas de juros mais baixas) projetos estratégicos na área industrial, especialmente associado à inovação, exportações e substituição de importações.

d) Estabelecer maior percentual de créditodirigido dos bancos para apoio a micro,pequena e média empresa, especialmente da indústria.

e) Fortalecer os recursos do BNDES para viabilizar crédito mais barato às pequenas, médias e grandes empresas industriais.

f) Fixar restrições nas movimentações de capital entre os países, com a criação de taxação sobre operações financeiras internacionais.

Com isso, o Observatório busca cumprir o seu papel de fomentar o debate sobre os rumos do desenvolvimento regional e do País.

Jefferson José da Conceição é Professor Dr da Escola de Negócios, Assessor da Pro-Reitoria e coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul). Jefferson.conceicao@uscs.edu.br