Jefferson José da Conceição
Com a industrialização, o ABC passou a ser identificado, no Brasil e
no mundo, como a região da indústria, do trabalho e do sindicalismo. Esta
identidade foi e é positiva para nossas cidades, e pode apontar caminhos para o
turismo. Diferente do que pensam alguns, não há um antagonismo radical entre o
fato de sermos uma região industrial e querermos promover o turismo. Por si, já
seria muito interessante mostrar fábricas, chaminés e sindicatos (turismo
industrial), mas podemos ir além. A densa trajetória industrial também nos proporcionou
um rico legado em equipamentos públicos e privados, pontos históricos,
gastronomia, festas, hábitos e costumes.
Se fizéssemos pesquisa em várias partes do país e perguntássemos que
motivos levariam as pessoas a programar uma viagem para a região do ABC, é
provável que muitas delas indicassem a necessidade da realização de negócios na
região. Aqui está o maior parque industrial da América Latina. Mas elas também
diriam que seria legal conhecer “in loco” as atrações de uma cidade industrial:
ver em funcionamento uma fábrica; passear pela história do movimento sindical -
e que passa, por exemplo, pelo Estádio 1º de Maio, pela Igreja Matriz e pelo
Sindicato. Registre-se que neste momento a Prefeitura
de São Bernardo, a partir da firme determinação do Prefeito Luiz Marinho,
constrói o Museu do Trabalho e do Trabalhador. De fato, a nossa marca
está associada à indústria e ao trabalho. Cabe às gestões públicas e à cadeia
produtiva do turismo (composta por empresários dos equipamentos receptivos,
hotéis, restaurantes, agencias de viagens) construir uma política para o
turismo que se “aproveite” desta marca; não “duelar” com ela.
Assim aos turistas deve ser apresentado um conjunto
de opções que, a partir do seu desejo de fazer negócios e de conhecer algumas
linhas de montagem e as lutas sindicais mais marcantes, faça-os também se
interessar pelo entrelaçamento de nossa história com a do Brasil-Colonial (preservada
na Calçada do Lorena, de 1792); com a imigração
de europeus e asiáticos, que vieram para trabalhar primeiro nas lavouras de
café do Estado e, depois, nas primeiras fábricas têxteis, alimentos e móveis; o
Pavilhão Vera Cruz, relacionado com a história do cinema brasileiro e de
industriais como Ciccilo Matarazzo; o Ginásio Poliesportivo; a Cidade da
Criança; o Parque da Juventude; a Chácara Silvestre; a Rota do Frango com
Polenta; a Rua Jurubatuba, nossa Rota dos Móveis. Há
ainda os encantos de nossa Mata Atlântica e da Represa Billings, que é
um dos maiores espelhos d’água do país. Para fomentar o turismo na área, estamos
revitalizando o Parque Estoril e a Prainha.
Com alegria antecipo que, em breve, estaremos anunciando
publicamente parceria com uma grande empresa operadora do turismo. A intenção é
estruturar um roteiro turístico (incluindo o turismo industrial) a ser
disponibilizado para as pessoas que queiram conhecer todos os encantos – os
mais e os menos conhecidos - desta simbólica, histórica e bela região industrial.
Jefferson José da
Conceição é o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São
Bernardo do Campo e Presidente do Getur- APL de Turismo.