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domingo, 30 de novembro de 2014

Revista do APL de Móveis do Grande ABC


Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo no período: Jefferson José da Conceição

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Revista do APL de Defesa

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Novo processo de substituição de importação


  27 de novembro de 2014

opinião


Uma parte dos problemas da economia brasileira hoje reside em seu comércio exterior. Entre 2002   2011, os números foram bastante favoráveis à produção e ao emprego. As exportações foram elevadas e saltaram de US$ 60,4 bilhões para US$ 256 bilhões. As importações também aumentaram: de US$ 47,2 bilhões para US$ 226 bilhões. Mas os saldos da balança (exportações menos importações) foram crescentes, passando de US$ 13,2 bilhões para US$ 29,8 bilhões. Vendemos e compramos muito do exterior; vendemos mais do que compramos. Os “anos dourados”

foram de 2004 a 2007, quando atingimos grandes superávits, que oscilaram entre US$ 34 bilhões e US$ 46,5 bilhões. Entretanto, entre 2012 e 2014, os números foram ruins: as exportações caíram de US$ 256 bilhões (2011) para cerca de US$ 230 bilhões em 2014 (estimativa). As importações  aumentaram de US$ 226 bilhões para US$ 232 bilhões em 2014 (estimativa).  Em 2013, tivemos apenas um pequeno superávit na balança, de US$ 2,6 bilhões. Em 2014, é provável que tenhamos déficit ou que repitamos o saldo ínfimo. Isto se deveu à desaceleração do comércio internacional e à

valorização do real frente ao dólar.

 

Defendo um novo PSI (Processo de Substituição de Importações) no Brasil. “Novo” porque a industrialização brasileira, entre 1930 e 1980, foi fortemente marcada pelo PSI. O país fez a política “do limão à limonada” com as crises na balança comercial: a cada crise, uma nova etapa do PSI impelia a troca de bens importados pela produção doméstica. Primeiro (1930-1950), a substituição de importações de bens de consumo não duráveis (alimentos, calçados, vestuário, etc) e de parte

da produção de insumos básicos (matérias primas); depois, a de bens de consumo de consumo duráveis (1955- 1974); por último (a partir de 1975), a substituição definitiva dos insumos básicos e de parte de bens de capital (não seriados). Mesmo com todos os problemas (qualidade, custo, competitividade), tratou-se de uma política exitosa. Passamos a ter uma estrutura industrial, onde antes tínhamos apenas um conjunto de grandes fazendas de café.

 

Novo também, porque, diferentemente do anterior, o PSI agora deve ser acompanhado de um forte arranque nas exportações. Para isto, é necessário um elevado volume de importações. A corrente de comércio (exportações mais importações) deve ser alta. Os saldos comerciais devem ser

crescentes e se transformar em metas de governo. É essencial uma política de comércio exterior que, além de desvalorizar o câmbio, possibilite um sinal claro de que queremos incrementar nossas exportações. A substituição de importações deve ser igualmente meta de governo, especialmente naqueles itens de maior valor agregado: produtos químicos, eletroeletrônicos e peças e componentes. É fundamental que os programas de governo ligados a investimentos em petróleo e gás, defesa e saúde recoloquem com ênfase temas como índices de nacionalização crescentes.

Esta obrigatoriedade deve estar complementada por ações que incentivem os empresários a buscarem a nacionalização: financiamento; desonerações tributárias; incorporação de tecnologias

mais avançadas; qualificação profissional; garantia de encomendas governamentais, entre outras.

 

O PSI nas áreas de alta densidade tecnológica não é tarefa simples. É tarefa para décadas. Mas é preciso começar. Ou melhor: dar continuidade às políticas já executadas no Brasil no século 20, com um formato moderno adequado ao século 21.

 

*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Aprofundar o atual modelo econômico


 18 e 19 de novembro de 2014

 
 

Um modelo ou plano econômico consiste em uma estratégia governamental para induzir o  crescimento em determinado ritmo e direção. Entre 1930 e 1980, nossa trajetória foi marcada por modelos que visavam “pular etapas” e inserir o Brasil na trilha do desenvolvimento. A Era

Vargas (1930-1945), o Plano de Metas (1955-1960), o Plano de Ação Econômica  Governamental – PAEG (1964-1968) e o II Plano Nacional de Desenvolvimento – PND (1974-1979) foram alguns dos planos relativamente bem-sucedidos na estratégia de industrialização a qualquer custo. A melhoria da distribuição de renda e a inclusão social não fizeram parte daqueles planos. O Brasil cresceu a taxa de 7% ao ano em média e montou uma estrutura industrial. O que não foi pouco. Mas não conseguiu realizar suas políticas de welfare state  (bem estar social). Nas décadas de 1980 e 1990, os planos centraram-se na estabilização monetária. Nos governos Collor e FHC, as políticas do neoliberalismo, de redução do Estado na economia, deixaram ao “livre mercado” a condução de nossos rumos. Estabilizamos a moeda, mas com perda de conhecimento tecnológico, desemprego e exclusão.

 

O atual modelo, dos governos Lula e Dilma, estrutura-se em três colunas: 1) estabilidade monetária, por meio do tripé superávit fiscal, sistema de metas de inflação e câmbio flutuante; 2) políticas de inclusão social e expansão do mercado interno: valorização do salário mínimo, Bolsa Família, Prouni, “Minha Casa, Minha Vida”, entre outras; 3) investimentos em infraestrutura (PAC) e políticas de incentivo à inovação tecnológica. O modelo dos últimos doze anos foi bem-sucedido, porque conseguiu associar crescimento, controle da inflação, inclusão de mais de 40 milhões de pessoas ao mercado e distribuição de renda.

 

Nos últimos quatro anos as taxas de crescimento foram reduzidas. Com Dilma, a taxa média de crescimento foi de 2%, contra 4% nas gestões de Lula. Em parte, porque a economia internacional desacelerou. Neste contexto, o debate eleitoral foi acirrado. A oposição não apresentou modelo alternativo. Sua crítica e proposição apontam que, se ganhasse, teria novamente construído um modelo identificado com o neoliberalismo: choque de gestão com redução do Estado, autonomia do Banco Central, eliminação da política de valorização do salário mínimo, redução dos gastos sociais, diminuição do papel dos bancos públicos.

 

É momento de aprofundar o atual modelo econômico. Mas o caminho é o contrário do proposto pelos neoliberais. Entre as principais medidas estariam a convivência de metas de inflação com a fixação de metas de juros reais (que seriam cadentes ao longo de um período). Maior ênfase no crédito à produção. As políticas de inclusão social devem continuar porque são civilizatórias. Elas impedem a barbárie social, além de contribuir para expandir o mercado interno. Ao seu lado, é preciso também uma agressiva política de incremento da competitividade industrial que passa por ajustes no cambio (inclusive com o estudo da adoção de taxas múltiplas) e pela fixação explícita de metas de exportações; metas de substituição de importações mais complexas; metas concretas de P&D e Inovação tecnológica; metas de modernização do parque fabril; metas de desburocratizaçãoe simplificação tributária; metas de parcerias internacionais.

 

*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo e professor doutor da USCS

terça-feira, 11 de novembro de 2014

É possível reproduzir o modelo sueco no Brasil?


 11 e 12 de novembro de 2014

 
 

No final de setembro, estive novamente na Suécia, indicado pelo prefeito de São Bernardo,  Luiz Marinho. Coordenei missão composta também por professores da UFABC, FEI, Mauá de Tecnologia e Metodista, bem como por empresários e por um representante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Fomos entender um pouco mais como funciona o modelo de “tríplice hélice”, que reúne gestão pública, universidades e setor privado em projetos estratégicos, como é o caso da aeronave supersônica Gripen. O modelo tem sido uma das bases do sucesso da Suécia. No final do Século 19, a Suécia era um dos países mais pobres da Europa, com dificuldades de produção agrícola. Após a Segunda Guerra, a Suécia passou a estar entre as nações mais avançadas do mundo. Tecnologia e inovação têm sido suas marcas, em áreas tais como defesa, automotiva, comunicações, saúde e sustentabilidade. É possível replicar seu modelo no Brasil?

 

Na última década, o Brasil intensificou o intercâmbio com a Suécia. O governo Lula assinou importantes acordos de cooperação com aquele país. Em 2013, a presidente Dilma escolheu o Gripen para modernizar a FAB. Além das qualidades do caça, pesaram as potencialidades de transferências tecnológicas e as potenciais parcerias entre Brasil e Suécia. Em São Bernardo, temos  também aprofundado a relação: em 2010, o prefeito Marinho foi convidado pelo rei da Suécia para uma recepção; em 2011, tivemos a inauguração, em São Bernardo, do Cisb (Centro de Inovação Sueco- Brasileiro); em seguida, nosso município tornou-se cidade irmã de

Linköping; em 2013, a cidade realizou o Seminário Brasil-Suécia de Segurança Veicular; no mesmo ano, é anunciado que São Bernardo sediará a instalação da fábrica SBTA, que fabricará parte das peças do Gripen no Brasil.

 

A missão teve a oportunidade de dialogar com universidades, parques tecnológicos, laboratórios de pesquisas, empresas da área aeroespacial e de defesa e de siderurgia. Os principais projetos suecos iniciam-se com decisões governamentais,avançam para a pesquisa básica e aplicada nas universidades, e, por  fim, tornam-se negócios. Mas governo, universidades e indústria interagem em todas as fases. 

 

Muitas parcerias foram construídas pela missão: entre as universidades suecas e as brasileiras; entre parques tecnológicos da Suécia e a Associação Parque Tecnológico de São Bernardo; entre as gestões publicas (Linköping e São Bernardo).  Fruto também da missão, está prevista, em abril de 2015, no ABCD, rodada de relacionamentos entre empresas suecas e brasileiras da área de aeroespacial.

 

Temos muito a aprender com a Suécia sobre o modelo tríplice hélice. O aprendizado ajudará no aprofundamento das relações entre as próprias instituições brasileiras (gestão pública, universidades e setor produtivo), em torno de projetos tecnológicos e produtivos estratégicos. Portanto, é possível sim reproduzir com sucesso o modelo sueco no Brasil. Ainda que, é claro, com ajustes à realidade brasileira.

 

*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Entrevista ao site "Padarias do ABC" sobre a 4ª Edição do Festival Rotas dos Sabores de São Bernardo do Campo


Entrevista ao site "Padarias do ABC", em 7/11/2014, sobre a 4ª Edição do Festival Rotas dos Sabores de São Bernardo do Campo

Para acessar o link, clique no link abaixo:


https://www.youtube.com/watch?v=hXKKkCYJP0s

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Desatar o nó da economia



4 e 5 de novembro de 2014

 

São vários os desafios do governo da presidente Dilma, para o período 2015-2019. Os Macroeconômicos são: manter níveis elevados de geração de empregos com estabilidade de preços, aumento da renda, equilíbrio nas contas finanças e nas contas externas. Mais: o Brasil carece de “novos arranques” em áreas como educação, saúde, segurança e infraestrutura.

 

Identificar carências não significa deixar de reconhecer o quanto se avançou nos últimos 12 anos. Ao contrário: novos arranques somente são possíveis porque o Brasil passou por profundas transformações com base no mercado interno.  Programas sociais de transferência

de renda como o Bolsa Família, a Política de Valorização do Salário Mínimo, o Minha Casa, Minha Vida, o Prouni e o Pronatec estão entre  aqueles que tiveram e têm papel essencial nesta estratégia. Este modelo propiciou a inclusão de mais de 40 milhões de pessoas ao consumo.

 

Vejamos um dos principais nós a serem desatados de imediato: a necessidade da retomada do crescimento do PIB. As reduzidas taxas de crescimento econômico no primeiro mandato de Dilma (média de 2% ao ano) contribuíram para que, apesar de taxas de desemprego em níveis mais baixos na história recente, segmentos da sociedade brasileira estivessem mais propensos

ao discurso de partidos conservadores, que insistem em não reconhecer os avanços no último período. Muitos destes segmentos aderiram às críticas amplamente veiculadas pela grande mídia, aos programas sociais mencionados. No final da campanha, marcada pelo preconceito,

pôde-se notar que parte desses segmentos passou a tomar estes programas como se fossem

“contrários” aos seus interesses. O que é um ledo engano, porque, ao incluir os segmentos das camadas “C”, “D” e “E” como consumidores, os programas acabaram por ampliar também os ganhos das classes “B” e “A”. O Brasil todo foi e é beneficiado por estas políticas. Em um quadro de baixas taxas de crescimento na economia internacional, não é tarefa fácil aumentar o PIB. Mas o esforço tem que ser feito e passa também por ajustes na política industrial. A indústria é o coração da economia, por sua capacidade de puxar a dinâmica econômica para frente (serviços, exportações, inovações tecnológicas) e para trás (cadeias fornecedoras). É preciso criar condições para que a indústria nacional volte a ser competitiva. Isto significa rediscutir a política cambial. É preciso ter uma política mais “agressiva” de exportação, e encaminhar programas setoriais em andamento como o Inovarauto e Inovapeças (setor automotivo), Reiq e Repequim (setor químico), Retid (defesa).

 

Entre as políticas horizontais, é essencial fortalecer a participação da produção local em projetos como o do Pré-Sal e o de Defesa; implementar política de incentivo à modernização do maquinário de nossas industrias (Modermaq); aprofundar a política de desoneração dos investimentos produtivos e de desoneração da folha de pagamentos. Muito importante também

acelerar o Supersimples, que facilita a vida tributária das empresas.

 

*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.