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quinta-feira, 28 de março de 2013

Mais do que um carro, um futuro


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28/03/2013 - ARTIGO
 
 
 
Por: Jeferson José da Conceição

 

 

New Fiesta é a certeza na manutenção da Ford em São Bernardo
Jeferson José da Conceição*
O anunciado investimento da Ford na planta de São Bernardo reveste-se de importância para o ABCD e o Brasil. Mais do que um veículo novo (o New Fiesta), o que está em jogo é a inclusão desta fábrica na estratégia global da empresa. Há agora um horizonte. Os investimentos serão superiores a R$ 1,2 bilhão (R$ 800 milhões na produção de automóveis; R$ 450 milhões em caminhões). Serão centenas de novos postos de trabalho até 2014.

Os investimentos ganham maior relevância ainda, sabendo-se dos riscos que a fábrica correu ao longo da década de 1990 e início dos anos 2000. Aquele momento de desestruturação industrial foi marcado por tensões. Lembremo-nos da greve dos “golas vermelhas” na Ford em 1990, com a paralisação de 900 trabalhadores da ferramentaria e manutenção ou do protesto “FHC não rima com ABC”, na visita do então presidente da República à fábrica em 1997.

O amadurecimento das relações entre a Ford, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Representação Interna dos Empregados foi fundamental para o enfrentamento daqueles tempos difíceis. Exemplo desse avanço ocorreu ao final de 1998, início de 1999. Na véspera do Natal, a empresa demitiu, por carta, 2,8 mil trabalhadores (41% do total). O sindicato e a representação interna orientaram os trabalhadores (demitidos ou não) a vestir o uniforme e entrar na fábrica para trabalhar. A empresa reconheceu o simbolismo deste ato, suspendeu as demissões e aceitou um acordo de lay off (suspensão dos contratos, mas sem a rescisão). Os empregados ficariam 19 meses realizando cursos, recebendo, porém, salário integral.

Empresa e lideranças sindicais têm inovado nas relações de trabalho. Foi assim em 1995, quando ocorreu o acordo para redução da jornada sem redução de salários, de 44h para 42h (e hoje 40 horas) semanais em média, em troca da flexibilização da jornada e do banco de horas.
A maturidade fez com que, ao longo de 2011, empresa, sindicato e representação interna negociassem as condições para viabilizar os investimentos do New Fiesta. Foram criados mecanismos aceitáveis pelos quais o custo unitário da produção do veículo pudesse, até o final de 2015, aproximar-se do custo mexicano (a planta de São Bernardo disputou com a planta do México os investimentos). O sindicato e a representação interna são corresponsáveis pela vinda deste investimento.

A partir do governo Lula, e agora com a presidente Dilma, o ambiente de amadurecimento passou a ser facilitado e potencializado. A indústria foi valorizada como fonte geradora de produção, empregos e tecnologia. Prova disso são as imensas possibilidades abertas pelo novo Regime Automotivo Brasileiro, o “Inovar Auto”. A Região, liderada pelo prefeito Marinho (um dos artífices dos históricos acordos na Ford), está atenta a este novo quadro. Os APLs de ferramentaria e de autopeças atestam isto.
Parabéns a todos os que contribuíram para que a Região se tornasse um celeiro de acordos inovadores, como este realizado na Ford em São Bernardo.
Jeferson José da Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo

 

terça-feira, 19 de março de 2013

Cooperação como instrumento de política industrial


ABCDMAIOR | 19 e 20 de março de 2013

Jefferson José da Conceição*

O APL (Arranjo Produtivo Local) de Ferramentaria do ABCD, criado  em 2011, aos poucos se constitui como um “case” de sucesso de política industrial regional. Empresas, apoiadas pelo poder público, perceberam que, sem abdicar da concorrência, podem e devem utilizar da cooperação como instrumento em seu próprio benefício.

O que move as empresas a buscar a cooperação é a crise, gerada pelos novos competidores, especialmente a China; a redução das encomendas das montadoras. Nos últimos cinco anos, o País apresentou déficit na balança comercial de ferramentais de US$ 1,2 bilhão. Este quadro levou com que alguns empresários do segmento, as prefeituras da Região (com destaque para São Bernardo e Diadema), o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Abifa, a Abinfer e a Abimag a buscar soluções conjuntas.

Os objetivos que o APL fixou para si são: a) fortalecer o associativismo e a cooperação entre as empresas; b) diálogo com as montadoras, para incluir as ferramentarias nacionais nos futuros projetos de veículos; c) prospectar novos mercados, especialmente nas promissoras áreas de petróleo e gás e da indústria de defesa; d) dialogar com as instituições financeiras, para viabilizar o crédito para o segmento; e) incluir a engenharia de ferramentais em projetos de inovação tecnológica.

Entre as ações em curso e as realizações já alcançadas pelo APL de Ferramentaria estão: 1) A participação do APL no grupo de trabalho do governo federal que trata do Regime Automotivo; 2) A inclusão dos moldes e ferramentais entre os itens beneficiados pelo Inovar-Auto (novo regime automotivo); 3) O início das conversações com as montadoras, para incrementar as encomendas no Brasil; 4) A reunião, em janeiro, do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, acompanhado da Coordenação do APL, com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando  Pimentel, na qual foram debatidas as políticas de financiamento, regime automotivo, manutenção de alíquotas da Tarifa Comum do Mercosul para itens sensíveis; 5) Diálogo com o BNDES, para um programa de financiamento ao setor – o “Pro-ferramentaria”; 6) O início de uma programação de visitas de universidades à empresas, e, no sentido inverso, de empresas à universidades, cuja finalidade é buscar sinergia em projetos de P&D; 7) A abertura de discussões no APL sobre a formação de um Birô de Engenharia, que envolve um diálogo com universidades como UFABC, FEI e Instituto Mauá, bem como com o Senai e o Sebrae; 8) a busca de diálogo com parceiros internacionais, como o instituto HIDA, do Japão, para joint ventures e parcerias com empresas daquele país; 9) A participação do APL na fundação da Associação Parque Tecnológico de São Bernardo; 10) O avanço na discussão do Estatuto do APL; 11) A constituição do site www.aplferramentaria.com.br.

O modelo de sucesso do APL de ferramentaria pode, com adaptações, servir para outros setores, como autopeças, químico, gráfico e defesa, que também estão constituindo com o nosso apoio seus APLs.

 
*Jefferson José da Conceição é o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São
ernardo.