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terça-feira, 11 de novembro de 2014

É possível reproduzir o modelo sueco no Brasil?


 11 e 12 de novembro de 2014

 
 

No final de setembro, estive novamente na Suécia, indicado pelo prefeito de São Bernardo,  Luiz Marinho. Coordenei missão composta também por professores da UFABC, FEI, Mauá de Tecnologia e Metodista, bem como por empresários e por um representante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Fomos entender um pouco mais como funciona o modelo de “tríplice hélice”, que reúne gestão pública, universidades e setor privado em projetos estratégicos, como é o caso da aeronave supersônica Gripen. O modelo tem sido uma das bases do sucesso da Suécia. No final do Século 19, a Suécia era um dos países mais pobres da Europa, com dificuldades de produção agrícola. Após a Segunda Guerra, a Suécia passou a estar entre as nações mais avançadas do mundo. Tecnologia e inovação têm sido suas marcas, em áreas tais como defesa, automotiva, comunicações, saúde e sustentabilidade. É possível replicar seu modelo no Brasil?

 

Na última década, o Brasil intensificou o intercâmbio com a Suécia. O governo Lula assinou importantes acordos de cooperação com aquele país. Em 2013, a presidente Dilma escolheu o Gripen para modernizar a FAB. Além das qualidades do caça, pesaram as potencialidades de transferências tecnológicas e as potenciais parcerias entre Brasil e Suécia. Em São Bernardo, temos  também aprofundado a relação: em 2010, o prefeito Marinho foi convidado pelo rei da Suécia para uma recepção; em 2011, tivemos a inauguração, em São Bernardo, do Cisb (Centro de Inovação Sueco- Brasileiro); em seguida, nosso município tornou-se cidade irmã de

Linköping; em 2013, a cidade realizou o Seminário Brasil-Suécia de Segurança Veicular; no mesmo ano, é anunciado que São Bernardo sediará a instalação da fábrica SBTA, que fabricará parte das peças do Gripen no Brasil.

 

A missão teve a oportunidade de dialogar com universidades, parques tecnológicos, laboratórios de pesquisas, empresas da área aeroespacial e de defesa e de siderurgia. Os principais projetos suecos iniciam-se com decisões governamentais,avançam para a pesquisa básica e aplicada nas universidades, e, por  fim, tornam-se negócios. Mas governo, universidades e indústria interagem em todas as fases. 

 

Muitas parcerias foram construídas pela missão: entre as universidades suecas e as brasileiras; entre parques tecnológicos da Suécia e a Associação Parque Tecnológico de São Bernardo; entre as gestões publicas (Linköping e São Bernardo).  Fruto também da missão, está prevista, em abril de 2015, no ABCD, rodada de relacionamentos entre empresas suecas e brasileiras da área de aeroespacial.

 

Temos muito a aprender com a Suécia sobre o modelo tríplice hélice. O aprendizado ajudará no aprofundamento das relações entre as próprias instituições brasileiras (gestão pública, universidades e setor produtivo), em torno de projetos tecnológicos e produtivos estratégicos. Portanto, é possível sim reproduzir com sucesso o modelo sueco no Brasil. Ainda que, é claro, com ajustes à realidade brasileira.

 

*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Bernardo.

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