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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Aprofundar o atual modelo econômico


 18 e 19 de novembro de 2014

 
 

Um modelo ou plano econômico consiste em uma estratégia governamental para induzir o  crescimento em determinado ritmo e direção. Entre 1930 e 1980, nossa trajetória foi marcada por modelos que visavam “pular etapas” e inserir o Brasil na trilha do desenvolvimento. A Era

Vargas (1930-1945), o Plano de Metas (1955-1960), o Plano de Ação Econômica  Governamental – PAEG (1964-1968) e o II Plano Nacional de Desenvolvimento – PND (1974-1979) foram alguns dos planos relativamente bem-sucedidos na estratégia de industrialização a qualquer custo. A melhoria da distribuição de renda e a inclusão social não fizeram parte daqueles planos. O Brasil cresceu a taxa de 7% ao ano em média e montou uma estrutura industrial. O que não foi pouco. Mas não conseguiu realizar suas políticas de welfare state  (bem estar social). Nas décadas de 1980 e 1990, os planos centraram-se na estabilização monetária. Nos governos Collor e FHC, as políticas do neoliberalismo, de redução do Estado na economia, deixaram ao “livre mercado” a condução de nossos rumos. Estabilizamos a moeda, mas com perda de conhecimento tecnológico, desemprego e exclusão.

 

O atual modelo, dos governos Lula e Dilma, estrutura-se em três colunas: 1) estabilidade monetária, por meio do tripé superávit fiscal, sistema de metas de inflação e câmbio flutuante; 2) políticas de inclusão social e expansão do mercado interno: valorização do salário mínimo, Bolsa Família, Prouni, “Minha Casa, Minha Vida”, entre outras; 3) investimentos em infraestrutura (PAC) e políticas de incentivo à inovação tecnológica. O modelo dos últimos doze anos foi bem-sucedido, porque conseguiu associar crescimento, controle da inflação, inclusão de mais de 40 milhões de pessoas ao mercado e distribuição de renda.

 

Nos últimos quatro anos as taxas de crescimento foram reduzidas. Com Dilma, a taxa média de crescimento foi de 2%, contra 4% nas gestões de Lula. Em parte, porque a economia internacional desacelerou. Neste contexto, o debate eleitoral foi acirrado. A oposição não apresentou modelo alternativo. Sua crítica e proposição apontam que, se ganhasse, teria novamente construído um modelo identificado com o neoliberalismo: choque de gestão com redução do Estado, autonomia do Banco Central, eliminação da política de valorização do salário mínimo, redução dos gastos sociais, diminuição do papel dos bancos públicos.

 

É momento de aprofundar o atual modelo econômico. Mas o caminho é o contrário do proposto pelos neoliberais. Entre as principais medidas estariam a convivência de metas de inflação com a fixação de metas de juros reais (que seriam cadentes ao longo de um período). Maior ênfase no crédito à produção. As políticas de inclusão social devem continuar porque são civilizatórias. Elas impedem a barbárie social, além de contribuir para expandir o mercado interno. Ao seu lado, é preciso também uma agressiva política de incremento da competitividade industrial que passa por ajustes no cambio (inclusive com o estudo da adoção de taxas múltiplas) e pela fixação explícita de metas de exportações; metas de substituição de importações mais complexas; metas concretas de P&D e Inovação tecnológica; metas de modernização do parque fabril; metas de desburocratizaçãoe simplificação tributária; metas de parcerias internacionais.

 

*Jefferson Conceição é secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo e professor doutor da USCS

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