SUBSÍDIOS PARA UMA NOVA REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO
Jefferson José da Conceição
Na semana entre 11 e 16 de
setembro de 2017, realizamos o “Financial Week”, uma semana inteira de debates
sobre temas relacionados ao Sistema Financeiro: financeirização, fintechs,
bitcoin, banco digital, investimento direto, emprego no sistema financeiro . A
semana envolveu também visitas à Bolsa de Valores de São Paulo e cursos de
capacitação no uso de HP. A Financial Week foi uma parceria entre a USCS, o
Sindicato dos Bancários do ABC, a Ouvidoria do Aluno, o Diretório Central dos
Estudantes e O Conselho Regional de Economia
(Delegacia ABC).
Em minha palestra, tratei do
tema da financeirização da economia, que é o fenômeno da influência crescente
dos interesses dos mercados financeiros no funcionamento da economia, bem como
nas decisões de política econômica. Mostrei que a financeirização é considerada
como a nova fase do capitalismo, que acontece especialmente a partir dos anos
de 1980. Desde então, expande-se a adoção de políticas neoliberais com a consequente
liberalização e desregulamentação dos mercados.
A crise de 2008 trouxe a
tona os limites e as contradições deste modelo. Para resolver a crise aguda,
abandonou-se momentaneamente o discurso liberal e se verifica uma forte intervenção do Estado
em vários países do mundo, a começar por economias mais avançadas como EUA e
Alemanha.
Ao final da minha exposição,
apresentei um conjunto de diretrizes visando uma nova regulamentação do sistema
financeiro, que podem contribuir para que o sistema financeiro cumpra sua
função essencial que é viabilizar crédito para as empresas e as famílias, e com
isto contribuir para o desenvolvimento econômico.
Entre as sugestões que
apresentei estavam:
a) Envolver na discussão da
nova regulamentação do sistema financeiro representantes da sociedade civil,
dos trabalhadores e empresários dos diferentes segmentos e portes (grandes,
médios e pequenos) da economia.
No debate, devem participar
não apenas pelos “policy makers” e “especialistas” do mercado
financeiro, mas também pelos Sindicatos de Trabalhadores, Empresários, Economia
Solidária, Microempresários, Consumidores, Universidades, Igrejas e
Organizações diversas da sociedade civil.
b) Aumentar o número de
membros do Conselho Monetário Nacional, de forma a permitir a
participação de representantes da atividade produtiva, bem como de outras
instancias da sociedade civil;
c) Fixar, no atual Sistema
de Metas de Inflação, o compromisso do País de que, além de atingir as metas de
inflação programada, deverá alcançar também metas com percentuais máximos
admitidos para a Taxa de Desemprego no Brasil;
d) Definir medidas
compulsórias para que o sistema financeiro atue efetivamente como viabilizador
de crédito para a atividade produtiva e geração de empregos (ex: aumentar o
percentual de crédito direcionado);
e) Os bancos privados devem
obrigatoriamente participar e apoiar (com baixas taxas de juros e prazos
ampliados de pagamento) projetos estratégicos na área industrial, especialmente
associados:
. Inovação tecnológica
. Substituição de Importações
. Sustentabilidade ambiental
f) Implementar medidas para
que sistema financeiro público e privado atue firmemente no fomento das
pequenas e médias empresas: incrementar percentual obrigatório das
microfinanças nas operações dos bancos públicos e privados;
g) Apoiar a geração de novas
modalidades de crédito, como o crédito solidário;
h) Rediscutir o papel e os
compromissos com o país por parte de cada uma das instituições que compõem o
sistema financeiro: BNDES, bancos comerciais, bancos de investimento,
financeiras, entre outras;
i) Exigir, por meio de
medidas concretas, o respeito e transparência nas relações dos bancos com os
consumidores do sistema bancário (Código específico para o Consumidor
Bancário);
j) Melhorar a transparência
do sistema de cobranças de juros e tarifas cobrados pelos bancos;
l) Estabelecer mecanismos
que viabilizem a redução das taxas de juros e a diminuição dos custos das
tarifas cobradas pelos bancos;
m) Em mesa envolvendo
Governo Federal, Centrais Sindicais, Sindicatos de Trabalhadores, Febraban,
representantes dos consumidores e demais instituições do sistema financeiro,
fixar normas legais e negociadas visando a geração de empregos e melhoria das
condições de trabalho dos empregados que atuam no sistema financeiro.
Jefferson José da Conceição é Prof. Dr. da USCS.
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