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sábado, 13 de julho de 2019

AFROEMPREENDEDORISMO, POLÍTICAS PÚBLICAS E INICIATIVAS DA SOCIEDADE CIVIL: BRASIL, ESTADO DE SÃO PAULO E GRANDE ABC

A nota técnica a seguir foi extraída da 8ª Carta de Conjuntura da USCS, de julho de 2019, publicada pelo Observatório de Políticas Públicas Empreendedorismo e Conjuntura – CONJUSCS. Para ter acesso à carta completa acesse: www.uscs.edu.br/sites/conjuscs.

AFROEMPREENDEDORISMO, POLÍTICAS PÚBLICAS E INICIATIVAS DA SOCIEDADE CIVIL: BRASIL, ESTADO DE SÃO PAULO E GRANDE ABC

Alessandra Santos Rosa Jefferson José da Conceição
Vânia Viana

Resumo Executivo

A exclusão dos negros em várias áreas da sociedade brasileira possui raízes históricas e estruturais, fruto do longo processo de escravidão no país, que alcançou quase quatro séculos. Em função disso, no Brasil, quando se discute o empreendedorismo negro - ou afroeempreendedorismo - mesclam-se no debate tanto os aspectos relacionados ao fenômeno do empreendedorismo em geral (tais como os riscos de cada negócio; a necessidade de capacitação na gestão do empreendimento; as exigências de acesso a mercados e crédito; empreendedorismo de necessidade versus empreendedorismo de inovação e fronteira tecnológica, entre outros), quanto às questões associadas às políticas públicas e as iniciativas da sociedade civil de apoio ao empreendedorismo de negros, criadas para ajudar na superação das dificuldades geradas pelo longo legado de exclusão e segregação. Isto com vistas a tornar o empreendedorismo um caminho efetivo de geração de oportunidades, trabalho e renda de qualidade para este segmento populacional hoje majoritário no país. Esta nota técnica aponta para a ainda tímida geração e execução de políticas públicas nesta área; levanta algumas importantes iniciativas da sociedade civil em relação ao tema; e, por fim, procura medir quantitativamente, no caso específico do Grande ABC, o tamanho do segmento de empreendedores negros na região e as leis aprovadas sobre o assunto. Na Região do Grande ABC, os negros representam 28,2% da população empreendedora. Apesar do número significativo de empreendedores negros na Região do Grande ABC, especialmente os que trabalham por conta própria, não há registro, conforme levantamento que fizemos da elaboração, aprovação de leis específicas voltadas a apoiar o afroempreendedorismo - assim como também acontece na grande maioria dos municípios e Estados do País. Com exceção do município de Diadema, que aprovou a Lei N° 3596/ 2016 de apoio ao Programa, nenhum outro município tem Lei de apoio ao afroempreendedorismo. Por conseguinte, é necessária uma mudança de postura e atitude por parte do executivo, das Câmaras de Vereadores, Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, entre outros órgãos regionais. Além disso, é fundamental a intensificação do envolvimento e das contribuições das empresas, sindicatos e universidades na construção e execução das políticas e iniciativas em prol do afroempreendedorismo.

1.   O afroempreendedorismo em breve perspectiva histórica no Brasil

Passados apenas 131 anos da libertação dos escravos no Brasil (contra quase 400 anos de escravidão), a inserção dos negros na sociedade brasileira, nas mais diferentes áreas –  educação, mercado de trabalho, vida social, empreendedorismo entre outras – continua a ser um grande desafio do País. Em parte, isto se deve ao fato de que, ao fim da escravidão, o país não enfrentou verdadeiramente a questão de como, de maneira transparente e efetiva, compensar e reduzir as enormes desigualdades impostas pela escravidão.

Ao contrário, em 1850, antes até do fim da escravidão, o governo imperial estabeleceu a Lei sobre a titulação das terras ocupadas. Esta lei reconheceu a concentração de terras em mãos privadas imposta no período colonial por meio do regime sesmarias. Ou seja, ao fim da escravidão, não houve distribuição de terras, nem equipamentos, nem recursos financeiros, a ponto de viabilizar condições mínimas de participação do negro na sociedade em igualdade de oportunidades com os não negros. Premido pela concorrência da mão-de-obra imigrante, naturalmente mais produtiva e adaptada ao sistema de assalariamento implantado nas lavouras e manufaturas, o destino de muitos negros, já ao final do século XIX e início do século XX, foi a sobrevivência em atividades laborais de segunda ou terceira classe e a ocupação de morros e encostas nas que seriam as primeiras favelas do país.

Passada a “hecatombe social” – valendo-nos aqui da expressão usada por Celso Furtado, em sua famosa obra ‘Formação Econômica do Brasil’ -, que foi a libertação dos escravos para a elite brasileira da época, pode-se dizer que, de 1888 até hoje (2019), houve, é claro, avanços importantes nas conquistas, nos direitos e nas condições de vida das pessoas negras. Entretanto, também é verdade que os indicadores de desigualdade continuam a não deixar dúvidas de que o desafio da inserção e da geração de igualdade de oportunidades ainda persiste.

No campo do empreendedorismo, o peso de nossa formação histórica também é grande, para negros e não negros. Para os negros, durante o período colonial, não houve qualquer possibilidade de, como escravos, almejar estruturar um negócio próprio; inovar em produtos, serviços e processos; buscar expandir sua empresa e acumular capital. A escravidão impedia qualquer surgimento de uma mentalidade empreendedora por parte da comunidade negra. Era tido e aceito como “natural” a exclusão social dos negros.

Entretanto, também para os não negros o incentivo à inovação e constituição de pequenos negócios se deu apenas marginalmente, na medida em que o grande negócio do açúcar, da mineração e do café, e posteriormente da grande empresa industrial no século XX, não favoreceu este tipo de atividade.

Por conseguinte, nos tempos atuais de valorização, em todo o mundo, da cultura empreendedora e da inovação na busca de resolução, por meio do empreendedorismo, de problemas concretos do mundo contemporâneo, o Brasil tem pela frente a necessidade de estruturar massivas e eficazes políticas de formação de uma mentalidade empreendedora e de apoio aos empreendedores, negros e não negros. Esta é uma necessidade que vale para toda a população, especialmente o segmento mais jovem, que abrange os negros e os não negros. Esta mentalidade empreendedora deve ser estimulada desde o ensino fundamental até a universidade e nas diferentes áreas e atividades econômicas e sociais.

Mas    o    afroempreendedorismo    encontra    barreiras    adicionais    para    avançar    em    seus empreendimentos: formação educacional; domínio das técnicas de gestão; acesso a crédito; relação com o mercado e investidores. Dificuldades que derivam em parte das próprias desigualdades entre negros e não negros, mas também do racismo que muitas vezes se verifica1. Por isto, é fundamental a elaboração e execução de políticas públicas e de iniciativas da sociedade civil que apoiem o afroempreendedorismo em suas várias fases: geração de ideias inovadoras, plano de negócios, incubação, aceleração, integração com o mercado e investidores, desenvolvimento tecnológico, parcerias locais, nacionais e internacionais.

Por fim, é importante também que os empreendedores negros sejam apoiados a participar do ecossistema de inovação, em igualdade de condições, na estruturação de produtos e serviços inovadores, de base tecnológica e de maior valor agregado, como são os casos dos empreendimentos em forma de startups. Hoje, ainda são poucas as startups formadas por empreendedores negros. Isto faz com que no presente e no futuro, agora sob nova roupagem, continuem as desigualdades que marcaram a trajetória da presença negra no Brasil.

Cabe dizer que os desafios da inserção dos negros no mercado de trabalho também acontecem em vários outros países2.


2.   Políticas públicas de fomento ao afroempreendedorismo

Em que pese o exposto anteriormente, ainda são ínfimas as legislações e as experiências de políticas públicas federais, estaduais e municipais de apoio ao afroempreendedorismo. E, ainda assim, há que se considerar que as mudanças de governo, naturais e desejadas em regimes democráticos, podem resultar em descontinuidade de ações embrionárias na área.

Os cases que costumam ser referência são da Bahia, Goiás e São Paulo (cujas leis são expostas no quadro mais adiante).

De qualquer modo, cumpre registrar que, em que pese a escassez de legislações e políticas mais especificas relacionadas ao afroempreendedorismo, houve avanços expressivos nas políticas direcionadas ao fomento do empreendedorismo no Brasil.

Assim, uma iniciativa das mais importantes foi a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (123/2006) e da Lei Complementar 128/2008, que dispôs sobre o MEI (Micro Empreendedor Individual).

Após 10 anos de vigência da Lei, o número de MEI já atingiu 8,1 milhão, segundo dados do SEBRAE, 2019. Este número é expressivo, sendo que parte significativa dele é constituído por pessoas negras. Em que pese não haver um recorte racial específico para os MEI, os dados da Global Entrepreneurship Monitor de 2017 indica que 38,8% dos pequenos e micro negócios têm representantes da população negra à frente.

     Programa Municipal São Paulo Afroempreendedor

Em função de ser a maior cidade da América do Sul, e, por esta razão, constituir-se sempre em um modelo de referência para as ações de outras cidades, cabe reproduzir sinteticamente a experiência da Prefeitura de São Paulo de apoio ao afroempreendedorismo, especialmente aquela constituída a partir do envio, aprovação e sanção pela Prefeitura da Lei nº 16.335, de dezembro de 2015.

Esta Lei criou o Programa Municipal São Paulo Afroempreendedor. O objetivo do programa é promover o afroempreendedorismo, “por meio do acesso a crédito e às compras públicas, inclusão e difusão de políticas públicas de desenvolvimento econômico e social direcionadas aos afroempreendedores”.

De acordo com Santos (2016):

Para a execução destes objetivos deverá ser criada a Comissão Especial de Apoio ao Afroempreendedor, sob a responsabilidade da SDTE. Entre os principais objetivos da lei, está a criação da Rede Municipal de Micro e Pequenos Afroempreendedores, com vistas ao intercâmbio e troca de informações sobre o desenvolvimento econômico, especialmente pautado na economia solidária. Serão realizados convênios da prefeitura com o setor privado para fomentar financiamentos, microcrédito e requalificação profissional. O objetivo é incentivar programas relacionados à abertura de empresas e disponibilidade de financiamentos e empréstimos. Um aspecto chave é facilitar a obtenção de crédito. (...) Serão realizadas políticas de requalificação profissional, de abertura de micro e pequenas empresas e capacitação em cooperativismo. (...) O programa abrangerá a questão do microcrédito. A criação de uma rede municipal de micro e pequenos afroempreendedores é um dos principais pontos da lei. Por intermédio desta rede, afroempreendedores terão acesso às informações (...) Outro importante instrumento para apoiar o afroempreendedorismo é o Portal São Paulo Diverso, vinculado à Política Municipal de Afroempreendedorismo. Lançado em setembro de 2015, trata-se de plataforma eletrônica com informações e serviços sobre a população afrodescendente da cidade de São Paulo. O programa visa a inclusão racial na cidade. É uma parceria entre a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Microsoft. O portal divulga informações gerais sobre programas de ações afirmativas nos setores público e privado e aproxima candidatos e empresas. Com o portal, procura-se reverter o problema de empregabilidade. Ele deve funcionar como um espaço permanente de debate para a população negra.


3.   Iniciativas da Sociedade Civil

Assim, quando nos referimos ao empreendedorismo negro, ou afroempreendedorismo, não estamos tratando apenas de iniciativas individuais, com objetivos e resultados também individuais. Claro, a ação empreendedora é eminentemente ligada a um ato individual de tomada de risco e de soluções para o mercado. Mas, no caso do afroempreendedorismo, este ato individual e empresarial, que caracteriza a atividade mercantil e de negócios, costuma caminhar junto com o ato coletivo, no sentido de junção de esforços de indivíduos que interagem para enfrentar juntos a pobreza, o racismo, o desemprego, a violência. Para isso, eles tomam a consciência da sua própria existência como negros(as) trabalhadores(as) e, muitas vezes, moradores(as) de favela.

Neste sentido, há um sem-fim de casos de iniciativas de empreendedores negros que acreditaram, tomaram decisões, executaram ações de impacto e estruturaram empreendimentos afroempreendedores, alguns deles com sucesso – embora, assim, como acontece com qualquer empreendedor, o risco do insucesso do negócio existe e não é pequeno.

Entretanto, no caso do afroempreendedorismo, cabem, a partir da tomada de consciência e possibilidade de transformação do negro de sua própria condição de desigualdade, a elaboração e execução de ações de apoio à formação, profissionalização, fomento e incentivo a novos talentos, entre outras. E isto, frise-se, mesmo na impossibilidade de participação do Estado como agente indutor, como acontece com no caso do Estado brasileiro hoje, cujo governo que assumiu em 2019 dá sinais de dar menos importância das políticas afirmativas para negros, mulheres, índios entre outros.

Dentre tantas iniciativas recentes de apoio à promoção do afroempreendedorismo, destacamos as que se seguem.

     CUFA - Central Única das Favelas

Originária do Rio de Janeiro, há cerca de duas décadas, fruto do movimento de jovens artistas do Hip Hop (muitos deles negros), a Central Única das Favelas, ou CUFA, teve entre seus fundadores o produtor de eventos e promotor do ativismo social em favelas e periferias, Celso Athayde, e o rapper, escritor e ativista, MV Bill. Além disso, desde a constituição da CUFA, a diretoria contou com lideranças que são referências como a também rapper, apresentadora e ativista social Nega Gizza.

A Central Única das Favelas considera-se como promotora de tecnologia social de ponta. Em sua página eletrônica a entidade descreve desta maneira o seu perfil de ativismo:

A CUFA promove atividades nas áreas da educação, lazer, esportes, cultura e cidadania, como grafite, DJ, break, rap, audiovisual, basquete de rua, literatura, além de outros projetos sociais. Além disso, promove, produz, distribui e veicula a cultura hip hop através de publicações, discos, vídeos, programas de rádio, shows, concursos, festivais de música, cinema, oficinas de arte, exposições, debates, seminários e outros meios. São as principais formas de expressão da CUFA e servem como ferramentas de integração e inclusão social.

Há dez anos coordenador estadual no Ceará, Francisco José Pereira, o Preto Zezé, recebeu, em 2014, o comando nacional da organização, que até então tinha como presidente MV Bill. Em 2015, Preto Zezé tornou-se o Presidente Global da CUFA que já se estende para 16 países e tem sede internacional no Harlem, o maior bairro negro de Nova York.

Preto Zezé é produtor musical e cultural, rapper e empresário na área de desenvolvimento econômico. Também escritor, lançou seu segundo livro no início de julho pela editora Cene:“Das quadras para o mundo.” A obra trata de sua vivência como ativista social. São crônicas de sua trajetória de vida nas comunidades e sua história e experiências na Presidência da CUFA.


A CUFA é detentora de vários prêmios, inclusive da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). A entidade desenvolve ainda um importante trabalho de reinserção de detentos na sociedade.

Outa iniciativa que dialoga com as necessidades das comunidades é a criação de um cartão pré- pago para pagamentos de contas, saques e outros serviços bancários, que, ao não exigir consultas ao Serasa ou SCPC, viabiliza a inserção financeira dos moradores das favelas: O CUFA Card (CUFA, 2019).

Entre os vários projetos na área de empreendedorismo, destacam-se, por exemplo, a parceria firmada, em 2015, entre a CUFA e o Facebook, visando à capacitação de empreendedores de favelas cariocas por técnicos do Facebook, que ensinam como utilizar adequadamente os recursos desta tecnologia e mídia social para alavancar negócios. Em 2015, 10 favelas cariocas receberam a Facekombi, com instrutores do projeto. Naquele ano, foram treinados 3,8 mil de alunos. A parceria deu um novo passo, em setembro de 2017, com o projeto “Maratona Nacional de Empreendedorismo”. O Facekombi foi estilizado com desenhos de casos de sucesso envolvendo instrutores e ex-alunos. O facekombi partiu do Rio de Janeiro para diversas outras localidades do País (sendo a primeira parada a cidade de Salvador). De acordo com a Revista Fórum:

Além de parar nos grandes centros, a proposta da iniciativa é passar também por pequenas cidades, quilombos e aldeias indígenas, capacitando pessoas que têm, historicamente, menos acesso à informação. Segundo [o], diretor da CUFA, o projeto passará por uma ampliação. ‘A ideia é expandir agora o projeto que começamos há dois anos em Madureira e em favelas cariocas junto com o Facebook, levando informação a mais comunidades pelo Brasil. Para acompanhar a Kombi durante todo o percurso, os interessados devem acessar a página no Facebook da “Maratona Facebook de Empreendedorismo”. Os cursos oferecidos em Madureira continuarão funcionando. A duração de cada curso é de quatro horas, e eles são oferecidos quatro dias por semana.

A CUFA promove outros diversos eventos no campo do empreendedorismo, como o realizado juntamente com o Ministério da Cultura, sobre empreendedorismo cultural e economia criativa. Este evento reuniu jovens talentos, líderes comunitários, artistas e empreendedores culturais da periferia, além de representantes da iniciativa privada.

     Favela Holding

Após deixar a diretoria da Central Única das Favelas, o empreendedor Celso Athaíde deu origem a novas iniciativas. Uma delas a criação da Favela Holding, ou FHolding.

A Favela Holding é um conjunto de empresas que tem como objetivo central o desenvolvimento de favelas e de seus moradores. A FHolding nasce atuante junto a empreendedores comunitários, fomentando e promovendo novas oportunidades de negócios, empreendedorismo e empregabilidade.

Entre as empresas que participam hoje do projeto estão Afro Oportunidades, Favela log, InFavela, Chapa Preta, Favela Vai Voando, Recomeço e Data Favela.

Um anúncio de parceria que chamou a atenção recentemente, e que teve empresas da Favela Holding a frente da iniciativa, é aquela firmada entre a CUFA e a Uber, parceria esta iniciada pela Favela do Heliópolis. A parceria, que teve a frente as empresas InFavela (agência de live marketing) e a Comunidade Door (instalação de outdoors em favelas) consiste na instalação de Parklets na favela, e que, de acordo com o site www.fholding.com.br, tem como objetivo “garantir maior e melhor acesso da população local à plataforma de mobilidade, estimular os moradores a aproveitarem as oportunidades de trabalho que o aplicativo oferece e, assim, desenvolver o empreendedorismo local e ao mesmo tempo melhorar a mobilidade da favela (...).

Ainda de acordo com o site da Favela Holding:


Por meio da parceria, equipes da CUFA e da Uber realizaram uma série de reuniões com lideranças e instituições de Heliópolis para entender as principais demandas da região. Foram identificadas inicialmente duas necessidades principais: melhorar a experiência das pessoas que querem utilizar o aplicativo e apresentar para os moradores novas oportunidades para geração de renda, seja dirigindo com a Uber, fazendo entregas ou empreendendo com o UberEats. "Precisávamos de um parceiro que pudesse nos ajudar nesse projeto de levar oportunidades para as pessoas de Heliópolis de forma simples, colaborativa e inclusiva, e que ao mesmo tempo conseguisse nos ajudar a causar um impacto positivo sobre a mobilidade do dia a dia. A Uber foi uma escolha lógica, porque é uma empresa que pode colocar a sua tecnologia a esse serviço e desenvolver com a gente uma série de projetos e iniciativas de longo prazo", afirma Celso Athayde,            fundador da                CUFA e CEO           da           Favela           Holding. São 4 pontos de embarque em locais de fácil acesso e que ficam a, no máximo, 7 minutos de caminhada de qualquer local da comunidade. Nas rodas de conversa com representantes da favela, identificou-se que erros nos mapas digitais, aliados a ruas estreitas, faziam com que a experiência de pedir um carro na comunidade não fosse satisfatória. "Inserimos no aplicativo uma tecnologia que orienta o usuário para os pontos de embarque, a partir do momento que ele solicita a viagem. Ele poderá escolher um dos quatro pontos no próprio aplicativo e caminhar até o local para encontrar o motorista parceiro. Assim, melhoramos a experiência e tornamos o serviço acessível para todos", afirma Fabio Plein, gerente geral da Uber para São Paulo.

     O BID e o projeto “Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro- brasileiros”

Em setembro de 2016, o BID, nos marcos do projeto denominado Afro-Brazilian Consumer Market Entrepreneurship Support Program (Programa Afro–Brasileiro de Apoio ao Empreendedorismo no mercado de Consumo), lançou o projeto Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro-brasileiros, que objetiva favorecer a formação de um ambiente de aceleração de novos negócios de empreendedores negros, bem como aproximar estes empreendedores dos investidores potenciais. O programa, segundo o veiculado na mídia, conta com investimentos iniciais da ordem de R$ 1,6 milhão. Entidades como Sebrae e Endeavor são parceiros em áreas como capacitação.

Para elaborar o programa, o BID partiu de levantamento sobre empreendedorismo no Brasil. O levantamento, que toma como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2013 realizada pelo IBGE, mostrou que:

Em 2013, existiam cerca de 11 milhões de negros proprietários de empreendimentos, dos quais 1 milhão deles efetivamente contavam com pelo menos um funcionário;

Do total de 11,8 milhões de negros empreendedores, 54% têm no máximo o ensino fundamental completo ou incompleto e 5% têm ensino superior completo ou mais. No caso dos gestores brancos, a parcela que cursou ensino superior e concluiu a graduação é de 19%;

De cada dez empreendedores negros ativos no Brasil, nove ocupam a base da pirâmide do empreendedorismo.

Em reportagem do Estado de SP, de 29/9/2016, assim se manifestou o diretor da Endeavor, uma das entidades parceiras no programa:

Não há suporte ao dono de negócio [o empreendedor negro] que não consegue entrar no circuito de investimentos que engloba startups. Existe preconceito. O mundo empresarial tem uma imagem de que o empreendedor é branco, possui ensino superior e fala diversos idiomas, por exemplo. A realidade, na prática, é outra. De um lado temos um sistema que não dá suporte, que repele as minorias de se misturar a um mainstream.

     Black Money

Outra iniciativa importante dos afroempreendedores é o Black Money, o “Dinheiro Preto”. Este movimento criado no século XX se popularizou nos Estados Unidos, e buscou fazer com que o povo preto circulasse ente si serviços de consumo, fortalecendo valores e consciência intelectual,


financeira e social para essa comunidade. Ampliando investimentos, retirando recursos de bancos tradicionais e transferindo-os para “bancos pretos” como forma de identidade e empoderamento pela via das finanças com autossustentação preta (MOVIMENTO BLACK MONEY,2019).

Criado no Brasil em novembro de 2017, o movimento é explicado pela CEO Nina Silva, em entrevista divulgada no site oficial:

É um hub de inovação em que a principal atividade é trazer autonomia para a população negra a partir do mindset tecnológico, finanças e inserção do olhar de startup focado em empreendedorismo. Na prática, consiste em sermos nossos próprios investidores, uma vez que o negro tem o crédito três vezes mais negado nas instituições financeiras. O objetivo é que pelo menos 30% do que for consumido pelos afrodescendentes se mantenha na comunidade, já que negros somam 2/3 dos desempregados. (...) Essa mudança (...) deve acontecer através da inclusão nas empresas. Mas existe outro caminho da autonomia junto ao consumo intencional, que é o investimento na própria comunidade. Por meio da educação financeira esses negócios podem prosperar. Se o consumo da população negra vem aumentando, para onde vai esse dinheiro? De acordo com dados do instituto Locomotiva, nós consumimos R$ 1,7 tri em 2017, mas não conseguimos que esse dinheiro retorne aos empreendedores negros. (...) Não são apenas pessoas negras que podem praticar o blackmoney, mas todos os aliados que querem ajudar a melhorar as discrepâncias raciais. É possível investir ou consumir de empreendedores negros. As empresas podem ter fornecedores negros, contratar mais negros e, assim, contribuir para que a cadeia de suprimentos fique cada vez mais enegrecida. Um sistema empresarial com maior diversidade étnico-racial é mais ágil e transformador e ainda possui sua lucratividade aumentada em 33% – segundo estudos da McKinsey. A ideia é que a gente possa ser nosso próprio agente de transformação e que não precise pedir por inclusão e igualdade, porque isso demoraria muito para corrigir a situação atual de desigualdade social no país.

Em suma, o Black Money busca estimular o consumo e a prestação de serviços no circuito da própria comunidade negra. A estratégia consiste na circulação do dinheiro entre os próprios afrodescendentes pelo maio tempo e amplitude possível.

Diante das críticas que podem surgir no sentido de que este movimento pode gerar uma nova forma de segregação, a CEO contra-argumenta: “racismo é estrutura de poder e nós negros não temos acesso a ele. Eu não estou tirando poder de ninguém simplesmente porque nunca tive”.

     A Feira Preta e o Afro Hub

Há ainda as feiras afroempreendedoras, com destaque para a Feira Preta, reconhecida como maior e mais conhecido evento de empreendedorismo de negros do país e da América Latina, sendo um espaço autossustentável da comunidade negra. Os negócios são realizados entre todos os visitantes da feira, mas o protagonismo dos expositores é negro, e, em geral, o trabalho se faz em rede (FEIRA PRETA, 2019).

A Feira Preta, que costuma ocorrer no mês de novembro (no qual se celebra o Dia da Consciência Negra) teve sua primeira edição no ano de 2002, no formato de feita de produtos empreendedores negros. Com o seu crescimento, tornou-se um festival, de atrações nacionais e internacionais, e na qual são expostos diversos produtos, serviços e atividades negros (como diz o site da  entidade, “do empreendedorismo, da tecnologia à literatura, da música às artes digitais, passando também pelos painéis com o que há de mais urgente e futurista nas reflexões da existência preta”).

A Feira Preta fechou em 2018 importante parceria com o AfroBusiness e a Diáspora.Black, que resultou na criação do programa Afro Hub. De modo geral, a parceria visa estimular networking e aumentar os negócios com o uso da tecnologia por parte de empreendedores negros. Assim, o programa Afro Hub prevê:

Seleção de empreendedores que passarão por pré-aceleração e treinamentos em tecnologias e ferramentas avançadas do Facebook e Instagram;

Mentorias com especialistas no assunto;


Promoção de eventos gratuitos a empreendedores organizados pela Feira Preta, AfroBusiness e Diáspora.Black, visando fomentar o networking em seus empreendimentos;

Realização de workshops gratuitos com a finalidade de atualizar os empreendedores negros quanto ao uso das redes sociais como estratégia para alavancar os negócios;

Palestras de especialistas em gestão e negócios disruptivos.

Baseado em dados da PNAD do IBGE, o Instituto Locomotiva indica que, no Brasil, são mais de 5,8 milhões de empreendedores negros com acesso à internet. Estes empreendedores negros circulam aproximadamente R$ 219,3 bilhões.

     Economia Solidária e Afroempreendedorismo

A economia solidária tem, entre os seus princípios, a democratização das relações de produção, a igualdade na distribuição de resultados, a solidariedade e a inclusão social. Por conseguinte, a economia solidária é bastante aderente às ações voltadas ao fomento do afroempreendedorismo. Neste sentido, vem crescendo, nos últimos anos, o número de ações de economia solidária voltada ao empreendedorismo dos negros.

Uma das recentes ações que vale destacar é a Feira de Economia Solidária de Empreendedores Negros que ocorre, anualmente, no Pelourinho, em Salvador desde 2016. São expostos produtos e serviços de diversas áreas, como estética, roupas, sapatos, acessórios, alimentos, entre outros. A feira é fruto de uma parceria entre diversas entidades ligadas ao movimento negro. Não há custos para os expositores.

Outra ação importante na área da economia solidária foi a formalização, em 2015, da Rede Nacional das Casas da Cultura Hip Hop, constituída por 16 Casas da Cultura Hip Hop e empreendimentos solidários distribuídos em vários Estados (Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Espírito Santo). A Rede formalizou-se como membro da Economia Solidária ao constituir-se como Cooperativa de Arranjos Produtivos e Comercio Justo e Solidário Rede Nacional das Casas da Cultura Hip Hop. Segundo Bob Controversista, primeiro presidente nacional da Cooperativa:

A Economia Solidária traz a concepção de arranjos produtivos com sustentabilidade e colaborativismo para gerar emprego e renda. Sem hierarquizar ou fomentar a concorrência crua entre os coletivos e sim, criar condições para que as pessoas possam sobreviver de maneira igualitária e justa dentro da Rede”. (...) [a Rede Nacional de Casas do Hip Hop, a primeira cooperativa nacional de cultura do país] se trata de uma rede de produção, distribuição e gerenciamento orgânico, somando expertises, conhecimento de mercado e plano de negócios, alinhados com a economia solidária. Assim, forma-se um arranjo produtivo que fazem os produtos girarem interna e externamente, pois o mais importante é dar vazão aos produtos do universo Hip Hop que o mercado capitalista normalmente não absorve

A Cooperativa faz parte da Unisol Brasil - Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários.
     Projeto Brasil Afroempreendedor

Constituído em 2013, o Projeto Brasil Afroempreendedor é uma parceria entre o SEBRAE, o Instituto Adolpho Bauer (IAB), o Coletivo dos Empresários e Empreendedores Afro-brasileiros de São Paulo (CEABRA/SP) e a Associação Nacional dos Coletivos de Afroempreendedores (ANCEABRA), que tem no comitê gestor organizações da sociedade civil e o governo federal.
Até 2015, em 12 estados brasileiros, seriam realizadas ações de capacitação e formação de micro e pequenos empresários e de empreendedores individuais afro-brasileiros (incluindo comunidades negras remanescentes de quilombo).

Os empreendedores seriam apoiados por técnicos e especialistas que ajudariam na elaboração (ou readequação) do plano de negócios, e estes empreendedores passariam a se integrar a uma


Rede Nacional de Afroempreendedores (que teria como foco a troca de experiências e desenvolvimento de negócios solidários).

O projeto tinha um objetivo bastante ambicioso: ser um projeto piloto “para o desenvolvimento de uma proposta de Política Pública Nacional de Fortalecimento do Afroempreendedorismo Brasileiro”.

O projeto, ao que parece, sofreu descontinuidade em suas ambiciosas metas iniciais.

4.   O Afroempreendedorismo no Grande ABC

Nesta parte, voltamos nosso olhar para o Grande ABC Paulista, buscando identificar o número de empreendedores negros na região, bem como levantar as ações (ou ausências) de políticas públicas especificamente voltadas ao afroempreendedorismo.

Tabela 1 – População Economicamente Ativa[3] por raça / Brasil / São Paulo e ABC


VARIÁVEL
População Economicamente Ativa (PEA)
População Não Economica-
mente Ativa
População Economicamente Ativa (PEA)
População Não Economica-
mente Ativa
População Economicamente Ativa (PEA)
População Não Economica-
mente Ativa

Branca
Negra (Pretos e Pardos)
OUTROS
Brasil
46.018.034
31.397.369
46.099.864
35.965.738
1.385.585
1.081.261
São Paulo
13.706.878
9.022.068
7.599.676
4.812.685
333.182
234.311
Grande ABC
846.431
549.202
502.013
292.509
21.786
15.267
Diadema
96.768
60.588
105.222
61.903
2.407
1.702
Mauá
117.998
80.897
94.361
60.418
2.335
1.387
RPires
35.617
26.801
21.173
13.761
785
644
RGSerra
9.518
6.761
12.581
7.862
171
145
Santo André
254.677
167.532
113.269
58.633
5.847
4.181
SBCampo
261.629
161.534
143.046
84.207
8.763
6.095
SCSul
70.224
45.089
12.361
5.725
1.478
1.113
Elaborado pelos autores para o Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS a partir de dados do CENSO 2010 (IBGE 2019).

A partir dos números absolutos apresentados na Tabela 1, é possível se chegar aos números relativos. Assim, a PEA de negros em âmbito nacional representa 28,5% e a de brancos 28,4%. Em São Paulo os negros representam 21,3% da PEA e os brancos 38,4%.

Na Região do Grande ABC, a População Economicamente Ativa é formada por 36,6% de negros  e 61,8% de brancos. Quando olhamos para a realidade de cada município da região, não há homogeneidade: Rio Grande da Serra, por exemplo, possui 34,0% da PEA formada por negros, enquanto São Caetano do Sul possui 8,4%. Na sequência, Diadema tem 32,0% da PEA constituída por negros; Mauá apresenta 26,4%; São Bernardo do Campo, 21,5%; Ribeirão Pires, 21,4% e; Santo André, 17,5%.

A Tabela 2 mostra como esta população economicamente ativa está dividida.


Tabela 2 – Características da População – PEA por raça /cor – CENSO 2010

Brasil / Estado/ Município
Posição na ocupação principal do trabalho
BRANCA
NEGROS
OUTROS
Total

Brasil
Empregado
27.767.620
28.028.249
729.384
56.525.253
Empregador
1.292.369
369.605
41.156
1.703.130
Conta Própria
9.730.492
8.490.276
308.222
18.528.990

São Paulo
Empregado
9.177.713
5.525.664
184.991
14.888.368
Empregador
388.278
47.444
21.238
456.960
Conta Própria
2.513.193
1.054.788
88.526
3.656.507

Grande ABC
Empregado
585.190
349.684
158.309
1.093.183
Empregador
21.929
3.176
65.308
90.413
Conta Própria
136.380
62.132
204.547
266.679

Diadema
Empregado
70.471
78.807
1.531
150.809
Empregador
964
605
44
1.613
Conta Própria
13.333
11.781
494
25.608

Mauá
Empregado
84.520
66.875
1.398
152.793
Empregador
1.117
407
152
1.676
Conta Própria
16.159
11.537
496
28.192

Ribeirão Pires
Empregado
23.635
14.751
503
38.889
Empregador
730
94
20
844
Conta Própria
5.444
3217
197
8.858

Rio Grande da Serra
Empregado
6.530
1681
83
8.294
Empregador
86
46
0
132
Conta Própria
1.172
1105
72
2.349

Santo André
Empregado
171.246
77.370
3.029
251.645
Empregador
7851
540
531
8.922
Conta Própria
44.991
13.388
2380
60.759

São Bernardo do Campo
Empregado
182.964
103.908
5.275
292.147
Empregador
7.289
1.291
609
9.189
Conta Própria
41.393
19.189
2.041
62.623

São Caetano do Sul
Empregado
45.824
6.292
781
52.897
Empregador
3.892
193
214
4.299
Conta Própria
13.888
1.915
355
16.158
Elaborado pelos autores para o Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS, Conjuscs, a partir de dados do CENSO 2010 (IBGE 2019).

Conforme observado, o IBGE subdivide a população economicamente ativa (PEA) em empregados (trabalhadores com e sem carteira assinada); empregadores (que possuem pelo menos um empregado); e conta própria (que não possuí empregados).

Os números de empregadores e por conta própria somados representam, portanto, uma aproximação da população empreendedora, denominada pelo SEBRAE, de “donos do negócio”4,5.

Desta forma, partindo-se dos números absolutos apresentados na Tabela 2, é possível chegar aos números relativos. Assim, na Região do Grande ABC, os negros representavam, em 2010, um contingente de 28,2% da população empreendedora total. A população branca representava 68,5%.


Embora minoritário, é, pois, expressivo o percentual de empreendedores negros na região do Grande ABC. Isto reforça a necessidade de uma estrutura de política pública regional, bem como de iniciativas da sociedade civil, que busquem apoiar os afroempreendedores e seus empreendimentos na região.

Por fim, cumpre registrar que, apesar do número significativo de empreendedores negros na Região do Grande ABC, especialmente os que trabalham por conta própria, não há registro, conforme levantamento que fizemos e exposto no Quadro 1, da aprovação de legislações específicas voltadas a apoiar o afroempreendedorismo - assim como também acontece na grande maioria dos municípios e Estados do País.


Quadro 1 – Leis em favor do Afroempreendedorismo

São Paulo capital
Decreto nº 57.259, de 26 de agosto de2016
Instituiu o Programa Municipal São Paulo Afroempreendedor
Vigente
Estado de São Paulo
Projeto de Lei nº 791, de junho de 2019
Institui o "Programa Estadual de Fomento ao Afroempreendedorismo, no Estado de SP".
Tramitando
Goiás
Lei nº 19.392, de 11 de julho de 2016
Institui a Política Estadual de Incentivo ao Afroempreendedorismo
Vigente
Distrito Federal
Decreto 36680 de 18/08/2015
Institui o Programa Afroempreendedor e dá outras providências
Vigente
Santo André
Projeto de Lei 80/17 de 14 de junho de 2019, que dispõe sobre a criação do Programa Municipal Santo André Afroempreendedor e dá outras providências.
–Vetado na 36ª Sessão Ordinária realizada na tarde de quinta-feira (13/06/2019).
Vetado
São Bernardo

Nada consta
São Caetano

Nada consta
Diadema
Lei Municipal nº 3.596, de 02 de maio de 2016
Instituto Programa Municipal Diadema Afroempreendedor, e dá outras providências.
Vigente
Mauá

Nada consta
Ribeirão Pires

Nada consta
RGSerra

Nada consta
Elaboração própria dos autores para o Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura, CONJUSCS.

Com exceção do município de Diadema, que aprovou a Lei N° 3596/ 2016 de apoio ao Programa, nenhum outro município tem Lei de apoio ao afroempreendedorismo. Por conseguinte, é necessária uma mudança de postura e atitude por parte do executivo, das Câmaras de Vereadores, Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, entre outros órgãos regionais. Além disso, é fundamental a intensificação do envolvimento e das contribuições das empresas, sindicatos e universidades na construção e execução das políticas e iniciativas em prol do afroempreendedorismo.


Notas

1  Para um levantamento das várias dimensões que envolvem o tema do afroempreendedorismo no Brasil, recomenda-se ARMAN (2015); BID (2019); CAMPOS (2018); JÚNIOR e DAFLON (2014);MONTEIRO (2001); NASCIMENTO (2018); NOGUEIRA (2013); OLIVEIRA (2018); OLIVEIRA (2004);
SANTOS (2005); SILVA (2018); SILVA (2017); SIMÃO (2018).

2   Algumas das experiências e interpretações sobre o empreendedorismo negro no cenário internacional pode ser obtida em BOSTON (2002); BUTLER (2012); GREEN e PRYDE, (1989); KOELLINGER e MINNITI (2006); WALKER (1986 e 2009).

3  População Economicamente Ativa: Pessoas de 10 anos ou mais de idade (IBGE, 2019).

4   Estudo do SEBRAE denomina “donos do negócio” o que o IBGE classifica na PNAD como empregador e conta própria.

5  Denomina-se empreendedor no levantamento da PNAD os que trabalham por conta própria e os empregadores.



Alessandra Santos Rosa. Mestra em Administração. Graduada em Economia (USCS). Atuou como Professora Auxiliar na USCS e Professora na Univ. Anhanguera (administração, engenharia e cursos tecnólogos). Foi assessora econômica na Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo do Campo; Coordenadora de Desenvolvimento Econômico em São Paulo. É Diretora de Inovação em Hortolândia na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Turismo e Inovação. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4077500398552186.

Jefferson J. da Conceição. Coordenador do Observatório CONJUSCS. Graduado em Economia pela UFRJ; Mestre em Administração pelo IMES; Doutor em Sociologia pela USP. Assessor da Pró-reitoria de Graduação e Prof. da USCS. Prof. Colaborador do Mestrado em Economia da UFABC. Secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo (2009-2015). Superintendente do SBCPrev (2015-2016). Diretor da Agência São Paulo de Desenvolvimento (2016). Economista do Dieese (1987-2009). Blog: www.blogdojeff.com.br. Curriculo Lattes http://lattes.cnpq.br/2840533692107428.

Vânia Viana. Graduada em Ciências do Trabalho pela Escola Dieese. Assessora da CUT Brasil, nas secretarias de Mulheres, Meio Ambiente, Combate ao Racismo e Vice-Presidência de 2007 a 2018.  Extensão  universitária  em  Política  e   Sindicalismo   Internacional   CESIT   –   UNICAMP. Pesquisadora nas temáticas de raça, gênero e ambientais no Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul. É também Sommelière formada pela ABS São Paulo.

Referências Bibliográficas

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BID - BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO. Afro-Brazilian Consumer Market Entrepreneurship Supportprogram – Disponível em: https://www.iadb.org/en/project/BR-T1301. Acesso em: 25 de maio 2019.

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BRASIL AFROEMPREENDEDOR REVISTA. Desenvolvimento e Igualdade racial: o caminho do futuro. Projeto Brasil Afroempreendedor. 2016.


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CAMPOS, Amanda Alves. A valorização do negro no Brasil e o afroempreendedorismo. 2018.

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FEIRA de Economia Solidária reúne empreendedores negros no Pelourinho em Salvador. G1. 9 set. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2018/09/09/feira-de-economia-solidaria-reune- empreendedores-negros-no-pelourinho-em-salvador.ghtml.

FEIRA PRETA. O que é? Disponível em: http://feirapreta.com.br/. Acesso em: 06 de junho de 2019. FRENTE FAVELA BRASIL. Partido Político: http://www.frentefavelabrasil.org.br/index.php#about. GREEN, Shelley; PRYDE, Paul L. Black entrepreneurship in America. Transaction Publishers, 1989.

JÚNIOR, João Feres; DAFLON, Verônica Toste. Políticas da igualdade racial no ensino superior. Cadernos do Desenvolvimento Fluminense, n. 5, p. 31-44, 2014.

KOELLINGER, Philipp; MINNITI, Maria. Not for lack of trying: American entrepreneurship in black  and  white. Small Business Economics, v. 27, n. 1, p. 59-79, 2006.

MONTEIRO, Jorge Aparecido. O empresário negro: histórias de vida e trajetórias de sucesso em busca da afirmação social. Produtor Editorial Independente, 2001.

MOVIMENTO             BLACK            MONEY.            Nossa            História.            Disponível            em: https://movimentoblackmoney.com.br/quem-somos/ Acesso em: 06 de junho de 2019.

NASCIMENTO, Eliane  Quintiliano.  Afroempreendedorismo  como  estratégia  de  inclusão  socioeconômica. Anais do Seminário de Ciências Sociais, v. 3, 2018.

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PERERA, Luiz Carlos Jacob et al. Missão: formar empreendedores. Encontro Nacional da ANPAD. Anais, 2004.

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WALKER, Juliet EK. The history of black business in America: Capitalism, race, entrepreneurship. UNC Press Books, 2009.

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